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Deputados bolsonaristas atacam TSE e defendem voto impresso

Com a demora nos resultados das eleições municipais, bolsonaristas resgatam ideia de voto manual

Eduardo Bolsonaro: filho do presidente fez declarações sobre novo AI-5 (Adriano Machado/Reuters)

Eduardo Bolsonaro: filho do presidente fez declarações sobre novo AI-5 (Adriano Machado/Reuters)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 16 de novembro de 2020 às 00h02.

A demora na divulgação dos resultados das eleições municipais, por problemas técnicos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é assunto entre parlamentares neste domingo, 15. Vários deputados e senadores aliados ao presidente Jair Bolsonaro foram às redes sociais reclamar da desorganização do pleito. Os bolsonaristas aproveitaram para apontar possibilidade de fraude eleitoral e defender a volta do voto impresso.

A espera que mais repercutiu foi pelo resultado da cidade de São Paulo, que, às 23h, ainda contava com 37,77% das urnas apuradas. O presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, garantiu, em coletiva de imprensa, que “não há nenhum risco de o resultado não expressar o que efetivamente foi votado”. O que ocorreu foi “um pequeno acidente de percurso sem nenhuma vítima, salvo um atraso na divulgação do resultado da votação final", assegurou.

Mas, entre alguns parlamentares, a justificativa não foi suficiente. O que mais insistiu na tese de que o sistema do TSE não é confiável foi o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro. “Se já tivesse sido implementado o voto impresso, as eleições estariam garantidas, fora a questão da transparência e auditoria", defendeu, no Twitter. Ele lembrou que os sistemas do TSE teriam sido invadidos por hackers.

Embora Barroso tenha explicado que a tentativa de ataque não foi bem sucedida e não tem relação com o atraso, que ocorreram por falha técnica, Eduardo Bolsonaro insistiu que a situação gera desconfiança. “Noticiam que TSE foi atacado por hackers. TSE nega. Então são expostos bancos de dados do TSE. Isso traz um clima de insegurança, que faz as pessoas desconfiarem que o atraso na divulgação possa ser um novo ataque hacker ou manipulação já que não há transparência”, escreveu.

 

 

Para o deputado Marco Feliciano (Republicanos-SP), um dos mais bolsonaristas do Congresso, “a volta da eleição manual é medida que se impõe”. Também no Twitter, ele apoiou a ideia e foi na mesma linha de Eduardo Bolsonaro. “A legitimidade dos eleitos para governar vem da crença do povo que os resultados das eleições refletem suas escolhas. Sem essa crença o sistema democrático vem abaixo”, argumentou.

A deputada Bia Kicis se antecipou aos problemas e, antes da apuração dos votos começar, reclamou no Twitter. Às 12h56, enquanto muitos brasileiros ainda iam às urnas, ela afirmou que "o TSE vai jurar que seu sistema é seguro", na rede social. "Aham, a gente acredita. Apuração transparente com possibilidade de recontagem já! Exigimos voto impresso", disse. À noite, ela reforçou a crítica. "A Justiça eleitoral existe só para cuidar das eleições. Faz dois anos da última eleição e na hora H ela falha. Mas está tudo normal...", escreveu.

Outra grande aliada de Bolsonaro, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) também se manifestou pelo Twitter. “Agora mais do que nunca temos que voltar a falar em #VotoImpresso como forma de conferir a votação eletrônica. Ninguém me convence que o sistema trave dessa forma sem fraude envolvida. Posso estar errada, por isso quero poder conferir os votos da minha urna”, afirmou.

O deputado Filipe Barros (PSL-PR) ironizou a situação. “TSE hackeado no dia das eleições. Mas as urnas eletrônicas são super confiáveis, viu?!”, escreveu. Ele garantiu que irá “cobrar respostas” do presidente da Corte Eleitoral. “O iluminista Barroso deve explicações sobre os motivos da instabilidade do site de apuração, do aplicativo do TSE, da ‘tentativa’ de hackeamento, as inúmeras dificuldades relatadas para transmitir os dados das urnas ao sistema do TSE”, disse.

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