Brasil

Deputado tenta barrar projeto sobre abuso de autoridade

Delegado Francischini (SD-PR) diz que o projeto visa retaliar as ações da operação Lava Jato

Roberto Requião: o texto, relatado pelo senador do PMDB, está na Comissão de Constituição e Justiça do Senado aguardando votação (José Cruz/Agência Senado/Agência Senado)

Roberto Requião: o texto, relatado pelo senador do PMDB, está na Comissão de Constituição e Justiça do Senado aguardando votação (José Cruz/Agência Senado/Agência Senado)

AB

Agência Brasil

Publicado em 25 de abril de 2017 às 22h02.

O deputado federal Delegado Francischini (SD-PR) protocolou hoje (25) no Supremo Tribunal Federal (STF) um mandado de segurança com pedido de liminar para tentar impedir a votação do Projeto de Lei do Senado (PLS) 280/16, que trata do abuso de autoridade.

O texto, relatado pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aguardando votação, após pedido de vista coletivo que adiou a apreciação da matéria.

Na avaliação do deputado, a proposta de autoria do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) visa criminalizar a atuação de juízes e promotores e policiais.

Francischini diz ainda que a iniciativa visa retaliar as ações da operação Lava Jato. "[O projeto] irá criminalizar a interpretação das sentenças judiciais, as denúncias e os indiciamentos criminais quando forem contra investigados poderosos."

Polêmica

Apesar de ter sido apresentado por Calheiros, o projeto de abuso de autoridade foi protocolado inicialmente na Câmara, em 2009, pelo então deputado e hoje ministro da Defesa, Raul Jugmann.

O texto foi produzido por uma comissão integrada pelo então desembargador Rui Stocco, pelo ex-ministro do STF Teori Zavascki, morto em janeiro, pelo ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel e pelo assessor do ministro Gilmar Mendes Luciano Felício Fuck.

A proposta é polêmica e alvo de críticas, principalmente de integrantes do Ministério Público.

Entre as autoridades que criticaram a iniciativa estão os procuradores da Lava Jato e o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações da operação na primeira instância.

Em artigo publicado no jornal O Globo nesta terça-feira, Moro diz que o projeto não tem salvaguardas suficientes para evitar que juízes e promotores sejam penalizados por interpretações da legislação.

"Ninguém é favorável ao abuso de autoridade, mas é necessário que a lei contenha salvaguardas expressas para prevenir a punição do juiz pelo simples fato de agir contrariamente aos interesses dos poderosos", escreveu Moro. "A redação atual do projeto, de autoria do senador Roberto Requião e que tem o apoio do senador Renan Calheiros, não contém salvaguardas suficientes", acrescentou.

Em resposta, Requião disse em entrevista a Rádio Bandeirantes que Moro está equivocado sobre o projeto. "Meu projeto não diz isso.

Meu projeto não criminaliza o erro, que é corrigido em instâncias superiores", disse.

De acordo com o senador, a medida não criminaliza a interpretação divergente, mas estabelece que ela deve ser juridicamente fundamentada.

"O projeto diz que a interpretação divergente, necessariamente razoável, ou seja, a lei diz não, a interpretação não pode dizer sim, não será punida", afirmou.

"Eu jamais iria punir um equívoco de interpretação de um juiz", disse o senador.

Acompanhe tudo sobre:Operação Lava JatoRenan CalheirosSenadoSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Dino cobra de 10 estados relatório explicando as razões por trás dos altos indíces de incêndios

STF retoma julgamento sobre ampliação do foro privilegiado; mudança pode impactar casos de Bolsonaro

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio