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Deputado quer chamar Guedes para explicar "parasitas" na Câmara

Sindicato pede à Procuradoria que ministro seja investigado; Guedes se desculpou nesta segunda (10) por ter chamado funcionários públicos de "parasitas"

Guedes: ministro é criticado por ter chamado funcionários públicos de "parasitas" (Pablo Valadares/Agência Câmara)

Guedes: ministro é criticado por ter chamado funcionários públicos de "parasitas" (Pablo Valadares/Agência Câmara)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de fevereiro de 2020 às 10h34.

São Paulo - O deputado Professor Israel Batista (PV-DF) protocolou nesta segunda-feira, 10, um requerimento para convocar o ministro Paulo Guedes para prestar esclarecimentos à Câmara por ter classificado os funcionários públicos como "parasitas". A declaração proferida na última sexta-feira, 7, levou ainda o Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no Estado de São Paulo (Sintrajud) a apresentar ao Ministério Público Federal uma representação contra o chefe da pasta de Economia do governo Bolsonaro pedindo apuração de sua conduta.

Durante palestra no seminário Pacto Federativo, promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) na última sexta, o ministro da Economia afirmou: "o funcionalismo teve aumento de 50% acima da inflação, tem estabilidade de emprego, tem aposentadoria generosa, tem tudo. O hospedeiro está morrendo. O cara (funcionário público) virou um parasita e o dinheiro não está chegando no povo".

Para Israel Batista, a colocação de Guedes, além de configurar "grave ofensa a todos os 12 milhões de servidores públicos brasileiros", atenta contra o decoro do cargo de ministro de Estado. "A falta de respeito e de conhecimento sobre os servidores públicos do Brasil não pode ser admitida por esta Casa", diz o parlamentar.

Já o Sintrajud indica, na representação enviada ao MPF, que há limites para a manifestação do pensamento, com respeito à dignidade das pessoas, "não podendo ser utilizada a garantia da liberdade de expressão para imputar comportamento como aquele mencionado pelo denunciado ao conjunto de servidores públicos".

 

O sindicato quer ainda que Guedes explique quem são os servidores que teriam recebido aumento de "50% acima da inflação".

Além da entidade, o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), que representa 200 mil servidores públicos, havia indicado que estudava recorrer à Justiça contra o "assédio institucional"

Após a declaração, o Ministério da Economia divulgou nota afirmando que o chefe da pasta "reconhece a qualidade do servidor público" e alegando que a imprensa "retirou de contexto" a declaração.

Paulo Guedes ainda se desculpou pela frase nesta segunda-feira. O ministro afirmou que não falava de pessoas, mas "do risco de termos um Estado parasitário, aparelhado politicamente financeiramente inviável". "Me expressei mal e peço desculpas não só aos meus queridos familiares e amigos mas a todos os exemplares funcionários públicos a quem eu possa descuidadamente ter ofendido", disse.

No entanto, o diretor do Sintrajud e servidor do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região Tarcísio Ferreira indica que apesar do "genérico pedido de desculpas", "a transcrição das frases mostra de maneira bem clara e objetiva a compreensão que ele e o governo têm sobre os servidores públicos".

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