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Deputado admite que se "infiltrou" em reunião do PSL para gravar Waldir

Daniel Silveira disse que objetivo era "blindar" presidente na guerra com o PSL; em áudio, Waldir fala que vai "implodir" Bolsonaro e o chama de "vagabundo"

Daniel Silveira (PSL-RJ): deputado disse que objetivo foi blindar Bolsonaro na guerra com PSL (Reila Maria/Agência Câmara)

Daniel Silveira (PSL-RJ): deputado disse que objetivo foi blindar Bolsonaro na guerra com PSL (Reila Maria/Agência Câmara)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de outubro de 2019 às 18h04.

Última atualização em 17 de outubro de 2019 às 18h08.

O deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) admitiu ter gravado a reunião da bancada do PSL em que o líder do partido, Delegado Waldir (GO), chama Jair Bolsonaro de "vagabundo" e fala que vai "implodir o presidente". De acordo com o parlamentar, o objetivo foi "blindar" Bolsonaro na guerra declarada contra o presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE).

"Era uma estratégia pensada. Eu, Carlos Jordy (PSL-RJ), Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Carla Zambelli (PSL-SP), Bia Kicis (PSL-DF). Todo o grupo do Jair para gente poder blindar o presidente", afirmou Silveira.

De acordo com o parlamentar, a estratégia foi pensada em reunião de Bolsonaro com 20 deputados da qual participou ontem, por volta das 16h, no Palácio do Planalto. Lá, eles iniciaram o plano de se infiltrar no grupo de parlamentares ligados a Bivar. Naquele momento, "bolsonaristas" e "bivaristas" travavam uma disputa na Câmara para recolher assinaturas. De um lado, os aliados de Bivar tentavam manter Waldir no posto, enquanto a ala ligada ao presidente tentava emplacar Eduardo Bolsonaro como líder.

Silveira e outros dois deputados foram para a reunião no gabinete da liderança do PSL. Para convencer que estava do lado de Waldir, ele assinou uma lista de apoio ao líder do PSL. Após gravar a conversa, Silveira voltou ao Planalto e mostrou a Bolsonaro a gravação. "Ele ficou p... da vida", afirmou à reportagem.

O deputado tem experiência em trabalhar disfarçado. Quando era membro da Polícia Militar do Rio, ele atuou na área do Serviço de Inteligência, a chamada P2. A unidade é especializada em atuar disfarçado, muitas das vezes infiltradas, em organizações criminosas para buscar provas de crimes.

"Vou implodir o presidente"

Na reunião gravada por Silveira, ocorrida no fim da tarde de ontem no gabinete da liderança do PSL na Câmara, deputados relataram que estavam sendo pressionados por Bolsonaro a assinar a lista para destituir Waldir e apoiar o nome de Eduardo Bolsonaro como líder da bancada. O áudio do encontro, gravado por um dos presentes, foi obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo.

"Eu vou implodir o presidente. Aí eu mostro a gravação dele. Não tem conversa. Eu implodo ele. Eu sou o cara mais fiel. Acabou, cara. Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo. Eu andei no sol em 246 cidades para defender o nome desse vagabundo", afirma Waldir. Logo em seguida, alguém não identificado o alerta: "Cuidado com isso, Waldir."

Embora o grupo ligado a Bolsonaro tenha apresentado uma lista com 27 nomes para destituir Waldir, a Câmara não aceitou todas as assinaturas e o manteve na liderança. No áudio, Waldir diz que pretende expulsar "um por um" dos que assinaram o documento contra ele.

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