Apesar de algumas pessoas pensarem que o cotidiano em grandes centros urbanos como São Paulo facilita esse tipo de crise, em hospitais de cidades pequenas o percentual de pacientes com depressão ou ansiedade é equivalente (Fakelvis/Flickr)
Da Redação
Publicado em 7 de dezembro de 2011 às 09h02.
São Paulo – As crises de depressão e ansiedade são os casos mais comuns atendidos no maior pronto-socorro psiquiátrico da capital paulista, o Polo de Atenção Intensiva (PAI) em Saúde Mental, da região norte da cidade. Um em cada quatro pacientes emergenciais que procuraram o hospital durante o ano passado apresentaram diagnóstico de alguma dessas crises.
O balanço dos atendimentos do PAI foi divulgado pela Secretaria da Saúde de São Paulo. De acordo com a secretaria, 20.700 pessoas passaram pela emergência do hospital. Dessas, 5.175 (25%) tinham crise de depressão ou de ansiedade.
Em segundo lugar como a maior causa de atendimento vêm os casos de dependência química, com 13% dos pacientes. Os surtos psicóticos, com 12% dos pacientes atendidos, são a terceira maior causa de atendimento emergencial, seguidos dos transtornos bipolares, com 7%.
De acordo com a gerente médica do PAI, Célia Gallo, a predominância dos casos de depressão e ansiedade entre os pacientes do hospital é considerada normal. Apesar de algumas pessoas pensarem que o cotidiano em grandes centros urbanos como São Paulo facilita esse tipo de crise, em hospitais de cidades pequenas o percentual de pacientes com depressão ou ansiedade é equivalente.
Isso acontece, disse Gallo, porque a depressão e a ansiedade têm duas causas principais, que podem ser encontradas em qualquer lugar. A primeira é genética; a segunda, ligada à forma com que as pessoas lidam com seus problemas e com as situações de estresse. “Essas situações não acontecem só no trabalho ou no trânsito”, complementou Gallo. “Problemas familiares também podem causar estresse e acontecem em qualquer lugar do país.”
Sem o devido acompanhamento, o estresse e a tendência genética podem levar a casos graves de depressão. Nesses casos, o paciente pode ter crises, como as atendidas no PAI. “Algumas pessoas chegam com formigamentos e outros sintomas físicos causados pelo problema psiquiátrico”, explicou Gallo.
Depois dessas crises, os pacientes do PAI são encaminhados para tratamento em unidades básicas de saúde ou até internação. Para que tudo isso seja evitado, porém, Célia Gallo recomenda alguns cuidados.
Segundo ela, casos iniciais de depressão e ansiedade podem ser facilmente tratados. Por isso, é importante que pacientes que apresentem alguns sintomas procurem por um médico o mais rápido possível.
“Ainda existe um preconceito contra as doenças psiquiátricas. Muitos pacientes atendidos aqui falam que não quiseram procurar um médico”, disse. “Isso atrasa muito o tratamento.”
Visando a combater a falsa impressão de que uma doença psiquiátrica está ligada à preguiça ou “falta do que fazer”, o PAI da região norte da capital tem um projeto de conscientização da população. O projeto Casulo vai a escolas e centros comunitários explicando sintomas das doenças psiquiátricas e opções de tratamento dos pacientes para romper os tabus ligado à depressão.