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Depósito da Rio-16 foi coincidência, diz suspeito de suborno

Segundo Papa Massata Diack, o depósito encontrado em sua conta se referia ao patrocínio a um evento que, no entanto, não chegou a ocorrer

Rio-2016: versão do africano contrasta com as investigações sobre a suposta compra de votos na eleição da sede olímpica (Leonhard Foeger/Reuters)

Rio-2016: versão do africano contrasta com as investigações sobre a suposta compra de votos na eleição da sede olímpica (Leonhard Foeger/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de outubro de 2017 às 13h00.

Genebra - No centro da polêmica sobre os supostos subornos pagos em troca de votos para que o Rio fosse escolhido como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, o africano Papa Massata Diack garante que o pagamento que ele recebeu dos brasileiros foi apenas uma "infeliz coincidência".

Em entrevista ao jornal norte-americano New York Times, Diack afirmou que o depósito encontrado em sua conta se referia ao patrocínio a um evento. Mas que nunca ocorreu.

Seu pai, Lamine Diack, é acusado de ter pedido propina em troca de votos no Rio. O dinheiro, segundo as investigações, teria passado pelas contas do filho, Papa Diack. No total, US$ 2 milhões (cerca de R$ 6,3 milhões, na cotação atual) teriam saído dos organizadores da candidatura brasileira para que Lamine os distribuísse em troca de votos africanos.

Lamine Diack era o presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês), um dos pilares do movimento olímpico. Mas foi detido em novembro de 2015. As investigações sobre Lamine conduziram os investigadores até Carlos Arthur Nuzman, preso há duas semanas.

No mesmo dia da escolha do Rio, Diack transferiu US$ 300 mil (R$ 950 mil) para o também africano Frankie Fredericks. Ele era um dos auditores da votação.

Para o suspeito, porém, o deposito vindo do Brasil foi uma "infeliz coincidência". Segundo ele, os brasileiros estavam pagando para patrocinar um novo evento do atletismo que estava sendo criado na IAAF. Diack diz que atuava como consultor de marketing para esse novo evento.

A versão do africano contrasta com as investigações e principalmente com o depoimento de Maria Celeste Pedrosa, a secretária de Nuzman. Segundo ela, era dito na sede do COB que o dinheiro iria para construir pistas de atletismo na África e que foi depositado em contas controladas por Diack na Rússia.

O suposto novo evento da IAAF jamais ocorreu. Quanto à Fredericks, os pagamentos seriam dívidas que Diack teria com o africano. O suspeito ainda garante que seu pai, Lamine Diack. e Frankie Fredericks, sequer votaram pelo Rio. "Eles votaram por Tóquio", disse. "Quem disser o contrário está mentindo", garantiu.

Ao jornal, ele garante que as acusações "são as maiores mentiras no mundo dos esportes". Ele é procurado pela Justiça francesa. Mas insiste que não existem provas.Além da compra de votos, ele também estaria implicado num esquema de doping envolvendo atletas russos, além de negociar propinas em troca da sede de eventos de atletismo.

Diack também insiste que a acusação é fruto de "racismo e inveja", parte de uma conspiração no mundo anglo-saxão para destruir a imagem e legado de seu pai. Ele também interpreta o caso como parte de uma briga interna no movimento olímpico. "Onde estão as provas? Existem apenas artigos de jornais", insistiu. "É um problema para um homem negro, um africano ter sucesso depois de 16 anos no comando da IAAF", alegou.

Quanto às compras de joias em Paris e no Catar, Diack também insiste que se trata de alegações "circunstanciais". "Dinheiro sujo é mantido em contas offshore. Ou dadas em dinheiro. Você acha que eu seria estúpido o suficiente para receber isso em contas oficiais da minha empresa?", questionou.Diack, que não é entregue pelo seu governo às autoridades francesas, garante que "jamais" será julgado na França.

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