Eduardo Leite e João Doria rivalizam a preferência do PSDB (Divulgação/Divulgação)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 22 de novembro de 2021 às 06h00.
Última atualização em 22 de novembro de 2021 às 07h02.
O PSDB não conseguiu concluir a escolha do seu candidato à presidência da República no último domingo, 21. Falhas no aplicativo de votação causaram frustração e tensão política entre os concorrentes João Doria, Eduardo Leite e Arthur Virgílio, com a executiva nacional do partido, presidida por Bruno Araújo. A semana começa com os debates sobre a melhor forma de finalizar o processo, sem comprometer a credibilidade.
Do total de 44.700 aptos a votar, apenas 3.700 conseguiram escolher um dos candidatos. Estes votos foram lacrados e computados posteriormente. O pleito foi paralisado e será retomado assim que todos os problemas técnicos forem concluídos.
A primeira eleição para a escolha do presidenciável do partido foi em sistema híbrido, com o app, e presencial, com urna eletrônica em Brasília. A votação virtual começou às 7h, mas uma hora depois o aplicativo de votação virtual apresentou problemas e muitos não conseguiram votar.
Em todas as falas e debates que participaram, os três candidatos dizem que o processo de escolha em sistema de prévias é um exemplo de democracia que deveria ser seguido por outras legendas. Na avaliação do cientista político André César, o processo mostrou mais as diferenças entre as muitas alas políticas dentro do PSDB e que o partido deve sair dividido do processo.
“A ideia da prévia para a história política é interessante, mas talvez o momento tenha sido ruim. Vivemos uma polarização e isso ia respingar no partido, que deve sair dividido, para não dizer rachado. Nas duas últimas semanas, cresceu os ataques entre Doria e Leite. Também colocaram em dúvida o processo. Quem perder dificilmente vai apoiar de corpo e alma o vencedor”, afirma.
O PSDB saiu desta primeira etapa das prévias para a escolha do pré-candidato à presidência da República mais conflagrado do que entrou. Agora, o grande desafio do vencedor da disputa será não apenas curar feridas internas como refazer pontes com outros partidos de centro-direita, na tentativa de liderar uma chapa da terceira via à sucessão do presidente Jair Bolsonaro, em 2022.
O duelo não é somente entre o governador de São Paulo, João Doria, e o do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Trata-se de um confronto entre grupos e visões que eles representam dentro do PSDB. Confiante na vitória, Doria já preparava no domingo o discurso do “day after”, pregando a unidade do partido.
Se o governador paulista for candidato, aparecerá na campanha como “João”, o homem responsável por trazer a vacina contra covid-19 para o Brasil. O grupo do governador paulista avalia que a vacina será para ele, em 2022, o que o Plano Real foi para Fernando Henrique Cardoso, em 1994.
Eduardo Leite, por sua vez, é apoiado pelo deputado Aécio Neves (MG), inimigo de Doria. Em vídeo divulgado no domingo, Leite disse que as prévias serviam para o PSDB decidir se terá “viabilidade eleitoral” em 2022 ou se sairá “vencido” antes da hora. Da velha guarda do tucanato, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio não tem chance nesse páreo, mas foi quem lançou a questão mais relevante da campanha, chamando a atenção para a necessidade de “desbolsonarização” do PSDB.
(Com Estadão Conteúdo)