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Depoimento de Araújo complica situação de Pazuello na CPI, diz Randolfe

Ex-chanceler atribuiu ao Ministério da Saúde a culpa por 'falhas' na contenção da pandemia de covid-19, como a adesão à quantidade mínima de doses no consórcio Covax Facility

Vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) (Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) (Edilson Rodrigues/Agência Senado)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 18 de maio de 2021 às 19h31.

Última atualização em 18 de maio de 2021 às 22h45.

O vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), considera que o depoimento do ex-chanceler Ernesto Araújo, nesta terça-feira, 18, prejudica o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que será ouvido nesta quarta-feira, 19. Para o parlamentar, as declarações de Araújo deixaram Pazuello em uma situação "muito difícil".

Durante o depoimento, Araújo atribuiu ao Ministério da Saúde a culpa por falhas na contenção da pandemia de covid-19 -- Pazuello esteve à frente da pasta entre maio de 2020 e março de 2021. O ex-chanceler disse, por exemplo, que foi da Saúde a decisão de contratar a quantidade mínima de doses de vacina pelo consórcio Covax Facility, suficiente para imunizar 10% da população brasileira. O país tinha a opção de reservar doses para metade da população.

“Acredito que ele [Araújo] comprometeu muito o presidente da República e o Pazuello ao falar que quem aderiu ao consórcio Covax Facility com 10% em vez de 50% de quantidade de vacinas foi o Ministério da Saúde. Ele deixa o Pazuello numa situação muito difícil para amanhã”, disse Randolfe, após o depoimento do ex-chanceler.

Randolfe acredita que o ex-ministro da Saúde não tem sido protegido pelas testemunhas ouvidas até o momento pela CPI. “Está parecendo que há um movimento de abandono ao Pazuello", afirmou. "Acredito que a melhor coisa que o Pazuello poderia fazer é, no dia de amanhã, colaborar com a CPI. Caso contrário, todos os elementos vão apontá-lo como responsável pela morte de centenas de milhares de brasileiros”, recomendou.

A ida de Pazuello ao colegiado estava marcada para 5 de maio, mas os senadores remarcaram após ele ter avisado que teve contato com duas pessoas diagnosticadas com covid-19, na véspera do depoimento. Por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, Pazuello poderá permanecer em silêncio na CPI, caso entenda que as respostas às perguntas podem gerar provas contra ele mesmo.

Lewandowski concedeu habeas corpus ao ex-ministro, a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), na última sexta-feira, 14, e permitiu que o ex-ministro fique calado para não se autoincriminar. Apesar de poder "fugir" de perguntas que não tenham a ver com ele, Pazuello precisará responder questionamentos sobre outras pessoas, como o presidente Jair Bolsonaro.

“Essa decisão do Supremo aclarou e deu mais segurança jurídica no aspecto do depoimento da testemunha, que agora estará obrigada a falar sobre tudo que não o incrimine. Isso alargou, sem dúvida nenhuma, a segurança jurídica da própria investigação”, disse o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), a jornalistas, depois do depoimento de Araújo, nesta terça-feira.

 

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