Graça Foster: esquema de corrupção na empresa não afetou posição de caixa da Petrobras, diz (Antonio Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 29 de janeiro de 2015 às 19h16.
Rio - O rombo causado pela corrupção nas contas da Petrobras poderá ser ainda maior, caso surjam novas empresas e contratos suspeitos, admitiu nesta quinta-feira, 29, a presidente da estatal, Graça Foster.
A companhia também poderá ampliar o período sob investigação, limitado entre janeiro de 2004 e abril de 2012, época em que Paulo Roberto Costa era o diretor de abastecimento da estatal.
Na avaliação da presidente da empresa, com a evolução das investigações da Operação Lava Jato, o volume de desvios estimados poderá ser superior aos R$ 4 bilhões já apurados pela companhia.
O valor se refere à aplicação da cobrança indevida de 3% nos contratos, que seriam desviados para pagamento de propinas a ex-funcionários, partidos e políticos - prática revelada por Costa em depoimento ao Ministério Público.
Ao todo, a companhia identificou 52 contratos firmados com 23 empresas citadas nas investigações da Polícia Federal - que representam mais de R$ 188 bilhões em patrimônio da companhia.
"Se tivermos mais depoimentos em que surjam outras empresas, esse número cresce. Esse numero aqui não é firme e depende dos números de empresas que estão sendo informadas pelo Ministério Público. Cresce o número de empresas, cresce esse número", afirmou a Graça Foster.
"Novas informações oriundas das investigações em curso podem causar novos ajustes", completou.
A Petrobras se baseou em depoimentos de envolvidos no esquema para identificar os contratos e o período em que ocorreram os desvios.
"O período analisado não foi escolhido pela companhia, mas extraído dos depoimentos recebidos como "prova emprestada" pela Petrobras", frisou a presidente da empresa.
Em 31 dos contratos, os valores registrados pela companhia estavam "inflados" em R$ 88 bilhões em relação ao seu valor "justo" de mercado.
A diferença, segundo a empresa, corresponde a perdas com a corrupção, deficiência em projetos, alterações de custos e outras "fragilidades".
A companhia informou que 94% dos contratos suspeitos eram da diretoria de Abastecimento, ocupada por Paulo Roberto Costa no período investigado.
Um dos contratos é o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Inicialmente orçado em US$ 6,5 bilhões, o projeto teve o custo revisto para US$ 13,5 bilhões.
A Petrobras admitiu que, na avaliação de auditorias independentes, o valor de mercado do complexo é zero, isto é, ele não teria capacidade de gerar receitas suficientes para pagar seu custo.
"O objetivo do método (das consultorias) foi cumprido, que era avaliar o valor do ativo. Agora as equipes vão mergulhar nos empreendimentos individualmente para avaliar qual a perda com corrupção. Vamos fazer uma limpeza dedicada em tudo o que tivermos que fazer para ter uma avaliação correta para o patrimônio líquido", concluiu Graça Foster.
Atualizado às 20h15.