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Denúncias contra PSL tumultuam agenda de reformas

A Polícia Federal sugeriu a abertura de uma segunda investigação sobre o caso de candidatas laranjas supostamente utilizadas pelo partido de Jair Bolsonaro

Álvaro Antônio e Jair Bolsonaro: ministro do Turismo segue prestigiado pelo presidente (Marcos Corrêa/PR/Reprodução)

Álvaro Antônio e Jair Bolsonaro: ministro do Turismo segue prestigiado pelo presidente (Marcos Corrêa/PR/Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2019 às 06h35.

Última atualização em 7 de outubro de 2019 às 09h32.

A cada semana, uma nova leva de denúncias com potencial de tumultuar a agenda de reformas em Brasília. Os próximos dias dos parlamentares deveriam ser dedicados ao encaminhamento de três pautas de suma importância e de lenta tramitação: a reforma da Previdência, a reforma dos militares, e o megaleilão de petróleo da cessão onerosa.

Do lado do governo espera-se mais agilidade na apresentação da próxima grande reforma na agenda, a tributária. Mas, mais uma vez, a semana começa com o governo sob ataque — mais uma vez, por culpa do próprio governo.

A Polícia Federal sugeriu a abertura de uma segunda investigação sobre o caso de candidatas laranjas supostamente utilizadas pelo partido de Jair Bolsonaro, o PSL, em Minas Gerais.

O principal alvo é o ministro do Turismo e colega de partido do presidente, Marcelo Álvaro Antônio. No domingo, reportagem do jornal Folha de S. Paulo mostrou que um depoimento ligou o dinheiro do esquema à campanha presidencial de 2018.

Apesar de formalmente indiciado na semana passada e de não ser um nome de peso, tampouco ter atuação de destaque, Álvaro Antônio segue prestigiado pelo governo. A reação à nova revelação acabou ampliando a história. Bolsonaro disse que a Folha “desceu às profundezas do esgoto”, e afirmou ainda ter gasto apenas dois de quatro milhões de reais arrecadados na internet.

O ministro da Justiça, Sergio Moro, chefe da Polícia Federal e, portanto, diretamente envolvido na história, atropelou as investigações em sigilo.

Publicou nas redes sociais uma defesa do presidente, reforçando que Bolsonaro fez “a campanha presidencial mais barata da história”, e que “nem o delegado, nem o Ministério Público” viram algo contra o presidente. Segundo a mesma Folha, um ministro do Superior Tribunal de Justiça afirmou que a declaração de Moro “mostrou parcialidade”.

A declaração de Moro tem potencial de aumentar os atritos do governo com o Congresso em momento decisivo. Em entrevista ontem ao jornal O Globo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou que o ex-juiz tem estratégia de “tentar acuar instituições democráticas”.

A Câmara é decisiva nas discussões finais de divisão dos recursos do megaleilão do pré-sal — a proposta é que estados fiquem com 15% e municípios, com outros 15%, com alguma compensação para estados da região Sudeste, onde se concentrarão as explorações.

Maia também é decisivo numa nova frente, a da reforma administrativa. Ele e Bolsonaro se encontraram neste domingo em Brasília para tratar do tema, que prevê o fim da estabilidade para servidores públicos.

Segundo analistas políticos, é um sinal de que a articulação truncada fez o governo deixar a reforma tributária para 2020.

Enquanto isso, a reforma da Previdência, prevista inicialmente para ser aprovada pelo Senado esta semana, ficou para o fim do mês. Com todas as atenções dedicadas a essas pautas, o governo já teria dificuldades. Com a pauta dividida, muito pior.

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