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Em entrevista, Denise Abreu diz que "o PMB é antifeminista"

Sem fugir das perguntas, a pré-candidata aborda as suas propostas para São Paulo a e não foge da polêmica em torno do PMB ser ou não uma legenda feminista

Denise Abreu: sem fugir das perguntas, a pré-candidata aborda as suas propostas para São Paulo a e não foge da polêmica em torno do PMB ser ou não uma legenda feminista (Divulgação Facebook)

Denise Abreu: sem fugir das perguntas, a pré-candidata aborda as suas propostas para São Paulo a e não foge da polêmica em torno do PMB ser ou não uma legenda feminista (Divulgação Facebook)

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Da Redação

Publicado em 12 de fevereiro de 2016 às 14h12.

Última atualização em 7 de fevereiro de 2018 às 11h20.

São Paulo - "Prefiro não opinar, mas... não gosto de fugir de perguntas. É uma gestão de péssima qualidade, dou nota dois. Foi assim que Denise Abreu respondeu ao questionamento do HuffPost Brasil a respeito do governo do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT). A hesitação antes da resposta pode ser tida como incomum na trajetória da ex-procuradora do Estado de São Paulo, que também foi diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Aos 54 anos, ela aceitou o convite feito pela direção nacional do Partido da Mulher Brasileira (PMB) para se lançar candidata à Prefeitura da capital paulista nas próximas eleições, marcadas para outubro.

Na política, será a sua primeira grande chance de expor as suas ideias para um público maior, após não conseguir se lançar candidata à Presidência da República pelo Partido Ecológico Nacional (PEN) no ano passado.

Permaneço nas redes sociais, realizando um trabalho de convidar pessoas que influenciam a política brasileira para que pudéssemos trazer consciência para a população, relembra. Além de descartar semelhanças com o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), Denise Abreu nega ser alguém com viés de direita na política, preferindo se definir como uma liberal na economia e conservadora nos valores da sociedade.

Sem fugir de qualquer pergunta, a pré-candidata ainda aborda as suas propostas para a capital paulista e não foge da polêmica em torno do PMB ser ou não uma legenda feminista.

O Partido da Mulher Brasileira é antifeminista (...). Feminismo é um movimento ativista que não cabe dentro da proposta de administração pública, sentencia.

Acompanhe os melhores momentos da entrevista:

HuffPost Brasil – A senhora não conseguiu sair candidata à Presidência da República e não foi eleita deputada federal. O que vem fazendo de lá para cá?

Denise Abreu – Eu desenvolvo um trabalho de cidadania na internet, através do programa que eu tenho chamado Conexão Denise. Permaneci nas redes sociais fazendo esse trabalho, convidando pessoas que influenciam a política brasileira, para que pudéssemos trazer consciência política para a população. Com o Facebook facilitou muito, ajudou a ampliar os que nos escutam. Além disso, sou advogada, continuo com o meu escritório de advocacia, realizando trabalhos políticos.

HuffPost Brasil – Como se deu a sua filiação ao PMB e essa decisão de ser candidata à Prefeitura de São Paulo?

Denise Abreu – Fui convidada a integrar o PMB. Tive algumas reuniões e, na semana passada, a presidente do partido (Suêd Haidar) esteve em minha casa para, pessoalmente, me convidar para ser presidente do diretório municipal candidata à prefeita. Além disso, definimos a fundação dentro do partido de uma escola de líderes voltada para a juventude, para que entendam como funciona a política no Brasil. O País está carente de líderes, precisamos pensar no futuro. Decidimos que essa escola será criada e eu terei assento nela. Estamos constituindo o curso agora para que possamos oferecer isso.

HuffPost Brasil – A senhora espera que essa iniciativa já se traduza em resultados eleitorais já em 2016?

Denise Abreu – Serei muito franca com você. A fundação foi constituída agora, o grupo está se reunindo e talvez não exista a oportunidade do curso ser colocado em prática antes das eleições. Mas o grupo continuará trabalhando para que possamos iniciar os trabalhos antes das eleições.

HuffPost Brasil – O PMB promete ter candidatos próprios nas principais cidades do Brasil. O quanto isso influiu para a senhora aderir ao partido?

Denise Abreu – A Suêd me informou que a Executiva Nacional do PMB tem por decisão apresentar candidatura própria nas capitais e nas cidades onde se encontrem diretórios em acordo com as regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Temos direito a tempo de televisão tanto quanto qualquer outro partido e também asseguramos a participação nos debates. Acredito que o PMB já nasceu grande, contando com uma bancada de 20 deputados.

HuffPost Brasil – A senhora já possui uma relação de propostas para a cidade de São Paulo?

Denise Abreu – No estado de coisas que o Brasil está vivenciando, assim como a cidade de São Paulo, que é a que mais repercute no cenário nacional, nós vamos apresentar propostas específicas para todas as áreas. Há competências que são do governo do Estado, mas os municípios podem colaborar com um bom desempenho.

Na segurança, tenho um projeto de um grande centro de comando para o controle da cidade, ligando as forças policiais, de forma que a criminalidade seja tratada de maneira preventiva, e não simplesmente como polícia ostensiva, quando o crime já aconteceu. É algo que existe em outras cidades do mundo, como Johanesburgo (África do Sul), na Cidade do México, em Jerusalém, em inúmeras capitais.

Temos como foco primordial a educação. Em âmbito nacional não vamos interferir, mas as escolas municipais não terão as amarras de doutrinações. A escola precisa formar uma juventude para o mercado de trabalho, que seja competitiva internacionalmente. Teremos um núcleo focado em tecnologia e comunicação. Também criaremos a escola de mães, as mães paulistanas estão carentes de suporte para dar educação moral aos seus filhos. Vamos assim fornecer material didático e colaborar com elas, para que tenham informações sobre o conteúdo programático, para que possam colaborar com os seus filhos na sua educação moral.

Na saúde, eu fui chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Saúde (durante o governo de Mário Covas). Tenho certo conhecimento da área, fomentei grandes projetos na época que foram abandonados pelo Estado e pela cidade, ou transformados em atividades focadas em dar dinheiro. Por exemplo, o primeiro projeto na Cracolândia foi instituído quando eu era chefe de gabinete e procuradora do Estado. A questão da droga perpassa a criminalidade, envolvendo tolerância zero com o tráfico e um aparato para ajudar quem queira sair deste estado problemático, trazendo-os de volta para o convívio da cidadania. Também quero verificar a distribuição das UPAs nessa cidade, para poder agregar novas unidades. São Paulo dá atendimento a gente de todo o Brasil e há uma carência enorme de vagas. Tive ainda a oportunidade de ser mentora e redatora do Farmácia Popular – Aqui Tem (projeto do governo federal). Pensaremos em algo que seja o melhor para a cidade. Não precisamos de médicos estrangeiros, queremos ampliar o espaço para o cidadão brasileiro, que é um povo de luta, que sabe fazer o País progredir se lhe for dada a oportunidade.

No transporte, vamos eliminar esse modelo esdrúxulo de 50 km/h nas marginais. Isso faz que os carros quebrem porque não saem da terceira marcha, faz com que gastem mais combustível, beneficiando até a Petrobras em tempos de crise, penalizando a população, que leva duas horas para chegar ao emprego, inviabilizando assim a qualidade no trabalho. Vamos também rever a questão dos radares, estudando essa ‘fábrica de multas’ para eliminá-la. Temos outras formas de dar educação em transporte, com outras regras. Não há razão para punir no bolso. Já há uma carga de impostos no Brasil, e São Paulo tem de arcar com uma fatia tão absurda, uma das maiores do mundo. Quero uma cidade compatível com esta quantidade de impostos que se recolhem. O transporte público é problemático e, como o prefeito não tinha como resolver, ele resolveu criar ciclovia em locais absolutamente de risco. Tenho tido contato com várias pessoas que foram atropeladas ou que morreram por conta de uma ciclovia muito mal pensada em São Paulo. Utilizamos um modelo como o de Amsterdã, que é uma cidade plana e tem uma educação diferente, e transferimos para uma cidade cheia de morros como São Paulo.

Sem nenhuma politica publica de saude séria para dar o aparato necessario a recuperacao de drogados, a Prefeitura de Sao...

Publicado por Denise M. A. Abreu em Sexta, 5 de fevereiro de 2016

HuffPost Brasil – De zero a dez, que nota a senhora dá para a gestão de Fernando Haddad?

Denise Abreu – Prefiro não opinar, mas... não gosto de fugir de perguntas. É uma gestão de péssima qualidade, dou nota dois.

HuffPost Brasil – Uma avaliação tão ruim se deve a quê? Ao prefeito Haddad em si, ou ao que ele e o seu partido, o PT, representam hoje?

Denise Abreu – É muito difícil desamarrar a figura do prefeito do partido dele. Eles implementaram uma ideologia em São Paulo. Evidentemente que não há uma preocupação com uma boa prestação de serviço. Pelo que vimos do PT no âmbito federal, não é diferente em São Paulo. E o Haddad faz parte da ala do partido que radicaliza em relação a sua ideologia. A população brasileira, assim como todo brasileiro, não quer o comunismo. Não aceitamos governos não-democráticos. Queremos resgatar os valores da sociedade, queremos a democracia, a liberdade de mercado. É para isso que estamos nos candidatando e é assim que iremos atuar. Esperamos que aqueles que confiem na nossa proposta nos ajudem a assumir essa grande cidade, ajudando-a a ser a cidade-modelo do País. É daqui que queremos começar para que todo o Brasil volte a crescer.

HuffPost Brasil – Na sua opinião, o quão determinante essas eleições serão já vislumbrando o pleito de 2018?

Denise Abreu – Nem estamos trabalhando para 2018, as problemáticas de hoje precisam ser resolvidas urgentemente. O que sei é que qualquer bom governante deve respeitar as regras, ser ético e aplicar naquilo que o povo precisa. Esperamos poder colaborar com a nação, com um modelo de nação que queremos.

HuffPost Brasil – Recentemente, a senhora postou nas suas redes sociais que o PMB é um partido antifeminista. É isso mesmo? Se sim, qual a razão para esse ponto de vista?

Denise Abreu – Exatamente. Fiz essa postagem transcrevendo uma entrevista da própria presidente do partido. Não somos um partido feminista e sectário. Queremos todos – jovens, homens, mulheres – no nosso partido. Não faremos um governo apenas para a pauta feminista. Ademais, feminismo é um movimento ativista que não cabe dentro da proposta de administração pública. Isso é governar para uma minoria. É preciso pensar o todo.

Não somos um partido fechado aos projetos, evidentemente a maioria da população é feminina, é ela quem dá à vida, que tem a responsabilidade da educação moral, e é para ela também que estaremos governando. Todos nós somos instrumentos do futuro aqui em São Paulo, uma cidade lotada de crianças e jovens, que merecem uma vida melhor, com mais educação, saúde, com um transporte de viés educacional também. Para que quando puderem dirigir eles estejam mais preparados para assumir essa função. Ainda mais nessa cidade, em que você precisa de carro para tudo.

O partido da mulher é anti-feminista. É a resposta necessária para reposicionar a mulher em seu devido lugar, um lugar...

Publicado por Denise M. A. Abreu em Quinta, 28 de janeiro de 2016

HuffPost Brasil – Falando em transporte público, como a senhora vem acompanhando esses protestos do Movimento Passe Livre (MPL)? É possível conceder o passe livre à toda a população da cidade?

Denise Abreu – Não há nenhuma possibilidade de conceder tarifa gratuita na cidade de São Paulo. O candidato que prometer isso estará mentindo, não há orçamento para isso. Sou uma mulher muito conhecida pela verdade, não quero apresentar engodos, promessa que não posso cumprir. A tarifa zero é impraticável.

HuffPost Brasil – A polêmica da saída da senhora do comando da Anac, após o acidente da TAM em São Paulo, já foi superada? Foi dito pela senhora que teria ocorrido uma ‘perseguição’ do governo federal, que tentou destruir a sua imagem naquele episódio. Poderia explicar isso?

Denise Abreu – A questão do acidente da TAM já foi superada. Houve sim muita perseguição. Como sou estritamente legalista, jamais admitiria a interferência para A ou B, nem mesmo para o compadre do presidente da República (à época, Lula). Comecei a trabalhar contra interesses privados (ela se opunha ao processo de venda da Varig e da VarigLog) e eles pretendiam colocar em prática a fórmula que me levasse a não ser mais a diretora da Anac. Acontece que eu havia sido eleita pelo Congresso para a agência, eu tinha um mandato na mão, jamais tive um processo de prevaricação na vida, não havia fórmula jurídica para me cassar. A fórmula que adotaram foi assassinar a minha reputação, denegrindo a minha imagem. Foi quando pedi para sair, não costumo trabalhar em pastelaria, onde eles primeiro moem a carne e depois a fritam. O que permeou tudo foi o acidente. Houve uma avalanche da mídia. Após oito anos, o caso foi julgado e fui absolvida.

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HuffPost Brasil – Quando a senhora fala em ‘eles’, está se dirigindo a quem? Ao Palácio do Planalto? Ao presidente da República?

Denise Abreu – Divirjo que só o PT tenha interesse politicóide neste País. Às vezes eles mesmos fazem aliança com o PSDB, dependendo do que for conversado. O compadre do presidente (Roberto Teixeira) era advogado da Varig, ele utilizava muito o poder de ser quem era para ter trânsito livre no Palácio do Planalto. Mais uma vez ele está no noticiário, é o advogado do Luiz Cláudio (filho de Lula), que mora no apartamento dele. Não cedi às pressões dele na época. Me incomodei muito por isso.

HuffPost Brasil – Voltando às eleições em SP, alguma chance de formar aliança com algum outro pré-candidato que tenha posições semelhantes à senhora? Talvez com o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP)?

Denise Abreu – Ele não é candidato (o PSC disse o contrário em setembro do ano passado). Uma coisa é certa: o partido terá chapa própria, se tiver aliança será para ocupar o posto de vice. Sairemos como cabeça de chapa. O partido quer mostrar quem é a mulher brasileira, com estruturas familiares, para que possamos resgatar o mínimo desenvolvimento nacional a partir da cidade de São Paulo.

HuffPost Brasil – A senhora acredita que prosperará o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) no Congresso Nacional?

Denise Abreu – Uma coisa é o recebimento do processo, outra é o próprio processo ter a quantidade necessária de votos na Câmara para avançar para o Senado. Seria muito irresponsável fazer uma avaliação dessas, só se eu tivesse uma bola de cristal. Tenho uma posição favorável à mudança sim do estado das coisas, e para tanto a Dilma tem que sair do poder, não sei se via impeachment, se via TSE. Cabe à Justiça Eleitoral analisar isso.

HuffPost Brasil – Soube que a senhora não se identifica nem um pouco com o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ). Ambos possuem posições parecidas quanto ao comunismo, por exemplo, e ele não esconde ser de direita. E a senhora? Se considera alguém de direita?

Denise Abreu – Eu vou além. Não consigo hoje definir no Brasil uma ala de direita ou esquerda. Não existe nenhum partido de direita. Qual é o partido de direita que existe no Brasil? Nenhum. É um sofisma para conquista de votos. Eu sou liberal na economia e conservadora nos valores da sociedade.

Quem é a progenitora da família? A MULHER!O Partido da Mulher Brasileira começara em 2016 a mostrar a verdadeira face...

Publicado por Denise M. A. Abreu em Sábado, 30 de janeiro de 2016

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