Brasil

Dengue: Brasil bate recorde de mortes pela doença em 2023

País registrou 1.079 vidas perdidas pela doença até o último dia 27; outros 211 óbitos estão em investigação

Dengue: doença é transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti (Joao Paulo Burini/Getty Images)

Dengue: doença é transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti (Joao Paulo Burini/Getty Images)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 29 de dezembro de 2023 às 11h06.

O Brasil bateu, em 2023, o recorde de ano com mais mortes causadas pela dengue. De acordo com o painel de monitoramento das arboviroses, mantido pelo Ministério da Saúde, são 1.079 óbitos confirmados até o último dia 27, além de outros 211 que estão em investigação.

Antes, o ano com mais vítimas fatais era 2022 que, segundo a última atualização da série histórica da pasta, contabilizou 1.053 vidas perdidas. No ano passado, foi também a primeira vez que o país ultrapassou a marca de mil mortes pela doença em apenas 12 meses.

Em relação aos casos, o painel mostra que foram 1.641.278 diagnósticos prováveis da infecção pelo vírus até agora em 2023, 52.160 com evolução para hospitalização. O número é 17,8% mais alto que o total registrado no ano anterior – 1.393.684. Porém, permanece abaixo de 2015, quando o Brasil atingiu o recorde de 1.688.688 casos de dengue.

A dengue é uma doença cíclica, que provoca um número maior de casos geralmente de três em três anos. No entanto, na última década os diagnósticos e desfechos mais graves da doença têm alcançado patamares mais elevados. Antes de 2010, por exemplo, o Brasil nunca havia registrado mais de um milhão de casos – algo que ocorreu 7 vezes desde então.

Os números do Ministério da Saúde são baseados nos dados inseridos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan online). Questionado pela Agência Brasil, a pasta disse, em nota, que cerca de 11,7 mil profissionais de saúde foram capacitados em 2023 para manejo clínico, vigilância e controle de arboviroses e que “vai investir R$ 256 milhões no fortalecimento da vigilância" das doenças.

“O momento é de intensificar os esforços e as medidas de prevenção por parte de todos para reduzir a transmissão das doenças. Para evitar o agravamento dos casos, a população deve buscar o serviço de saúde mais próximo ao apresentar os primeiros sintomas”, orientou.

O ministério destacou como medidas de combate à doença a incorporação da nova vacina contra a dengue na rede pública, produzida pela farmacêutica japonesa Takeda e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no início deste ano.

A Qdenga recebeu o aval para indivíduos de 4 a 60 anos, é aplicada em duas doses, com um intervalo de três meses entre elas, e demonstrou nos testes clínicos uma eficácia geral de 80,2% para evitar contaminações e de 90,4% para prevenir casos graves.

Ela já está disponível na rede privada do país, com valores para o esquema completo que vão de R$ 800 a R$ 1 mil. No Sistema Único de Saúde (SUS), a expectativa do ministério é que a estratégia de quais públicos serão contemplados seja definida ainda em janeiro, e que a imunização tenha início logo depois.

A previsão do laboratório é começar a entregar as doses em fevereiro e totalizar 5,082 milhões de aplicações até novembro. O total é suficiente para imunizar cerca de 2,5 milhões de brasileiros, por isso a necessidade de estabelecer grupos prioritários.

Em outubro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou o uso da Qdenga por lugares com carga e transmissão elevadas de dengue. Disse que a doença “representa um fardo significativo para a saúde pública em países endêmicos” e alertou que esse impacto “deverá aumentar ainda mais, tanto em termos de incidência como de expansão geográfica, devido às alterações climáticas e à urbanização".

— Essa é a primeira vacina contra dengue com potencial para uso mais amplo. Muitos países estão enfrentando surtos devastadores de dengue e prevemos o agravamento geral da situação com as alterações climáticas — disse na época a chefe do Departamento de Segurança Sanitária do Instituto Finlandês de Saúde e Bem-Estar, presidente do Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização da OMS (SAGE, da sigla em inglês), Hanna Nohynek, em coletiva de imprensa.

A organização aconselhou que o imunizante, feito de vírus atenuado, seja adotado para crianças de 6 a 16 anos. “Nessa faixa etária, a vacina deve ser introduzida cerca de 1 a 2 anos antes do pico de incidência de hospitalizações relacionadas à dengue, específico para a idade", disse.

Na última semana, a OMS também afirmou que o Brasil é o país com mais casos de dengue no mundo, responsável por mais da metade dos diagnósticos registrados globalmente.

Acompanhe tudo sobre:DengueDoençasSaúde

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas