Brasil

Demóstenes é o segundo senador cassado da história do país

Em 186 anos de história, o Senado só tinha cassado até hoje um membro. Ocorreu no ano 2000, com o senador Luiz Estêvão

Demóstenes Torres prestando depoimento em Brasília: De acordo com a maioria dos senadores, foram ''provados'' os vínculos entre Torres e o empresário Carlos Augusto Ramos (Ueslei Marcelino/Reuters)

Demóstenes Torres prestando depoimento em Brasília: De acordo com a maioria dos senadores, foram ''provados'' os vínculos entre Torres e o empresário Carlos Augusto Ramos (Ueslei Marcelino/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de julho de 2012 às 20h52.

Brasília - O senador Demóstenes Torres foi cassado nesta quarta-feira por decisão da maioria no Senado, depois de ser considerado culpado, em julgamento político, de manter laços com uma poderosa máfia do jogo do bicho.

O plenário do Senado decidiu pela cassação de Torres com 56 votos a favor e 19 contra, levando o político a perder sua cadeira e a ficar inelegível a qualquer cargo público por um período de 8 anos contados a partir do que seria o fim de seu mandato parlamentar (2019), ou seja: até 2027.

De acordo com a maioria dos senadores, foram ''provados'' os vínculos entre Torres e o empresário Carlos Augusto Ramos, o ''Carlinhos Cachoeira'', preso desde fevereiro sob a acusação de dirigir uma máfia do jogo do bicho que também pode envolver outros importantes políticos brasileiros.

O senador Humberto Costa, que atuou como juiz no processo de cassação de Torres, leu um detalhado relato apoiado nas investigações da Polícia que, segundo sua opinião, comprovam ''de forma mais que cabal'' os vínculos com ''Cachoeira''.

''É um trabalho imparcial e está apoiado somente em fatos , que são, infelizmente, contundentes'', disse Costa, que citou as ''653 conversas telefônicas'' que a Polícia detectou entre Torres e o Cachoeira e os ''40 encontros'' que sustentaram durante o ano passado.

Demóstenes Torres, advogado de 51 anos, era senador desde 2002 e pertencia ao partido Democratas, a que renunciou em abril, quando surgiram as primeiras suspeitas contra ele.

A abertura do processo foi decidida em 8 de maio pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado em votação unânime, na qual o agora ex-legislador não teve sequer o apoio de seus antigos companheiros de legenda.


Durante as últimas semanas, Torres subiu cinco vezes à tribuna do Senado em tentativas inúteis de convencer os legisladores sobre sua inocência, mas em cada uma dessas ocasiões o plenário se esvaziou imediatamente, em uma clara mensagem de rejeição a seus pronunciamentos.

Na sessão de hoje o político cassado tomou a palavra durante meia hora em uma última tentativa, inútil, de impedir sua cassação e insistiu que ''nada, nada, nada'' foi provado contra ele, apesar da opinião majoritária dos legisladores.

Em 186 anos de história, o Senado só tinha cassado até hoje um membro. Ocorreu no ano 2000, com o senador Luiz Estêvão, então do PMDB, que perdeu a cadeira que ocupava por um caso de suposta corrupção na construção de um edifício público na cidade de São Paulo. 

Acompanhe tudo sobre:CassaçõesCorrupçãoEscândalosFraudesPolítica no BrasilSenado

Mais de Brasil

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua

STF forma maioria para manter prisão de Robinho