A demanda por crédito para a compra de equipamentos cresce pelo quarto ano seguido
Da Redação
Publicado em 22 de dezembro de 2010 às 05h44.
São Paulo - A demanda de produtores rurais do Brasil, segundo maior exportador agrícola depois dos Estados Unidos, por financiamento para a aquisição de tratores e colheitadeiras está crescendo no ritmo mais acelerado em pelo menos sete anos. O que está impulsionando a procura por crédito é o aumento dos preços de commodities como café, açúcar e soja.
Os financiamentos para a compra de equipamentos agrícolas e veículos subiram 64 por cento para R$ 8,2 bilhões nos primeiros cinco meses da safra iniciada em julho, de acordo com o Ministério da Agricultura. Banco do Brasil SA, Banco Bradesco SA emprestam a taxas subsidiadas em torno de 5,5 por cento, abaixo dos 10,75 por cento da taxa Selic. O Tesouro Nacional assegura aos bancos 3 por cento de remuneração.
A demanda por crédito para a compra de equipamentos cresce pelo quarto ano seguido após a alta de 60 por cento no preço do café, do ganho de mais de 30 por cento nos preços da soja e do açúcar e do preço maior do algodão, que dobrou no último ano. Os recursos aplicados em financiamento para a agricultura empresarial subiram 29 por cento na safra passada para R$ 84,4 bilhões de reais, mais que o triplo do crédito concedido a agricultores na Índia, maior produtor mundial de açúcar depois do Brasil.
“Os produtores estão apostando em margens de lucro maiores neste ano,” disse Álvaro Tosetto, gerente de agronegócios do Banco do Brasil, em entrevista em Brasília. “Mais empréstimos serão necessários para aumentar o investimento.”
A venda de tratores e máquinas agrícolas no Brasil deve crescer 25 por cento este ano para 69.000 unidades, o maior patamar em 34 anos, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.
Banco do Brasil
“Todas as condições levaram os fazendeiros a aumentar os investimentos este ano”, disse Nilton Rego, vice-presidente da Anfavea, ontem em entrevista por telefone de Buenos Aires.
O Banco do Brasil, o líder em crédito agrícola, aumentou a concessão de empréstimos para compra de maquinário e veículos agrícolas em 38 por cento para R$ 1,55 bilhão nos primeiros cinco meses da safra, a maior quantia para o período em pelo menos seis anos, segundo Tosetto.
Os empréstimos no programa de subsídios agrícolas do governo são financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Os bancos pagam ao BNDES 1 ponto percentual acima da Taxa de Juros de Longo Prazo, atualmente em 6 por cento, e o Tesouro paga aos bancos a diferença necessária para garantir um retorno líquido de 3 por cento.
Spreads
Esse retorno se compara a um spread médio de 18,1 pontos percentuais nos empréstimos corporativos concedidos a um juro anual médio de 28,7 por cento em outubro, segundo os últimos dados do Banco Central. Para pessoas físicas, os empréstimos foram concedidos a um juro médio de 40,4 por cento, dando aos bancos um spread de 29 pontos percentuais.
A regulamentação brasileira exige que bancos privados usem 29 por cento dos depósitos à vista em crédito rural, se houver demanda para essa quantia e se um número suficiente de agricultores atender às condições para receber os financiamentos. Os bancos estatais têm de destinar 69 por cento das contas rurais de poupança para o crédito agrícola.