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DEM e Alckmin alinham interesses

Os dois lados avaliam que Temer deve conseguir barrar a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra ele na Câmara por corrupção passiva

Alckmin: e cúpula do DEM propuseram a retomada da parceria histórica entre as duas siglas (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Alckmin: e cúpula do DEM propuseram a retomada da parceria histórica entre as duas siglas (Rovena Rosa/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de julho de 2017 às 09h02.

Última atualização em 26 de julho de 2017 às 09h11.

São Paulo e Brasília - Em um gesto de deferência ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), a cúpula do DEM desembarcou na segunda-feira, 24, em São Paulo para "informar" o tucano sobre a perspectiva de crescimento da legenda na Câmara e propor a retomada da parceria histórica entre as duas siglas. Aliados desde a eleição presidencial de 1994, PSDB e DEM se afastaram após a divulgação de conversas entre um dos donos da JBS, Joesley Batista, e o presidente Michel Temer.

Os atritos começaram no auge da crise política. Com Temer acuado no Palácio do Planalto, o PSDB passou a articular a candidatura do senador Tasso Jereissati (CE) à Presidência em caso de eleição indireta, enquanto o DEM defendia a "opção" Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Câmara.

Os dois lados avaliam que o peemedebista deve conseguir barrar a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra ele na Câmara por corrupção passiva. A votação na Casa da aceitação ou não da denúncia está marcada para 2 de agosto.

Há dúvidas, porém, se Temer conseguiria sobreviver a uma segunda denúncia. A estratégia do DEM é reduzir a resistência do PSDB a uma eventual administração Maia no Palácio do Planalto e elaborar uma agenda comum para agir em bloco caso o presidente consiga se manter no cargo até 2018. "O governo precisa enfrentar as reformas da Previdência e política dentro do menor espaço de tempo possível para superá-las. Precisa encontrar o caminho da aprovação das reformas política e previdenciária", disse à reportagem o senador José Agripino Maia (RN), presidente do DEM.

O jantar no Palácio dos Bandeirantes, anteontem, com dirigentes do DEM, reuniu, além de Agripino, o presidente da Câmara, o ministro da Educação, Mendonça Filho, o deputado Efraim Filho (PB), o secretário de Habitação do Estado, Rodrigo Garcia, e o prefeito de Salvador, ACM Neto.

Coerência

"Nós temos uma parceria que não é de hoje, uma parceria antiga do PSDB com o Democratas. No tempo do presidente Fernando Henrique tivemos sempre um trabalho conjunto. Nos governos do PT mantivemos a coerência de exercemos um papel importante de oposição - é tão patriótico ser governo quanto oposição", afirmou Alckmin nesta terça.

No jantar, o governador paulista disse que o PSDB só deve desembarcar do governo federal após a aprovação da reforma da Previdência - a proposta já foi aprovada em comissão na Câmara e aguarda para ser pautada no plenário.

Para integrantes da cúpula do DEM, o posicionamento dos tucanos demonstrou que eles temem desembarcar sozinhos. Já os líderes do DEM previram que somente uma possível nova denúncia da Procuradoria-Geral da República com teor muito contundente teria potencial de derrubar Temer. Nesse cenário, a cúpula do partido informou que permanecerá na base e seguirá "monitorando" a situação do governo.

'Diálogo'

Um eventual afastamento de Temer da Presidência beneficiaria diretamente o partido. Isso porque quem assumiria o País seria Rodrigo Maia. "Foi um encontro para mantermos o canal de diálogo aberto", afirmou o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho.

A conversa também abordou o futuro político das duas legendas. O ministro da Educação, Mendonça Filho, disse que há espaço para um partido "reformista de centro" e que espera "sinergia" entre o DEM e o PSDB. "Sintonizarmos nossas posições e preocupações", afirmou Agripino Maia.

 

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