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Deltan muda estratégia e apela ao STF para recuperar mandato

Trata-se de uma mudança de estratégia. A princípio, o ex-procurador da Lava Jato esperava convencer a Mesa Diretora da Câmara a se contrapor à Justiça Eleitoral e mantê-lo no cargo

Deltan: Os advogados de Dallagnol argumentam que o afastamento imediato do cargo, antes de esgotar todos os recursos judiciais possíveis trazem prejuízos irreversíveis (Pablo Valadares/Câmara dos Deputados/Agência Câmara)

Deltan: Os advogados de Dallagnol argumentam que o afastamento imediato do cargo, antes de esgotar todos os recursos judiciais possíveis trazem prejuízos irreversíveis (Pablo Valadares/Câmara dos Deputados/Agência Câmara)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 5 de junho de 2023 às 07h49.

Última atualização em 5 de junho de 2023 às 07h51.

O deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), na tentativa de recuperar seu mandato. Trata-se de uma mudança de estratégia. A princípio, o ex-procurador da Lava Jato esperava convencer a Mesa Diretora da Câmara a se contrapor à Justiça Eleitoral e mantê-lo no cargo. O recurso de Deltan será relatado pelo ministro Dias Toffoli.

A defesa pediu ao STF que suspenda os efeitos da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A interferência do Supremo seria excepcional, porque Dallagnol ainda pode entrar com embargos na própria Corte Eleitoral. Esse tipo de recurso, contudo, não têm o poder de alterar a essência da decisão - na linguagem jurídica, o mérito -, e serve apenas para sanar pontos que não ficaram claros ou não foram abordados na sentença. O advogado Leandro Rosa, que defende Dallagnol, reconhece que um recurso ao TSE não teria “perspectiva exitosa”.

As chances do deputado são consideradas pequenas. O STF tem maioria anti-Lava Jato, encabeçada pelo decano Gilmar Mendes. Em 2019, Dallagnol foi punido com advertência pelo Conselho Nacional do Ministério Público por dizer que ministros da Corte eram lenientes com a corrupção. A crítica se referia, mais diretamente, a Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski que haviam tomado decisões contrárias a medidas da força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal, à época coordenada por Dallagnol.

Além disso, os ministros do Supremo Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Nunes Marques fazem parte da composição atual do TSE e votaram pela cassação do registro de candidatura e inelegibilidade do deputado, em 16 de maio.

O TSE usou como base para a cassação o trecho da Lei da Ficha Limpa que proíbe magistrados e membros do Ministério Público de pedir exoneração para disputar eleições se tiverem processos administrativos pendentes. Os ministros entenderam que Dallagnol se desligou do MPF com quase um ano de antecedência da eleição, antevendo que os procedimentos disciplinares a que respondia poderiam colocar em risco sua futura candidatura.

Os advogados de Dallagnol argumentam que o afastamento imediato do cargo, antes de esgotar todos os recursos judiciais possíveis trazem prejuízos irreversíveis. “O tempo do mandato que lhe é subtraído injustamente não poderá ser restituído”, afirma a defesa.

Um fator político que pesa contra o ex-procurador da República é o isolamento entre os pares. Dallagnol afirmou que procurou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas que ele “fechou as portas”. O corregedor da Casa, deputado Domingos Neto (PSD-CE), também anunciou que a análise da decisão do TSE será “meramente formal”, sem juízo sobre o mérito.

Protesto esvaziado pró-Deltan em SP tem faixa contra Zanin no STF

Apoiadores de Deltan Dallagnol, deputado cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fizeram neste domingo, 4, uma manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, contra a perda do mandato do ex-chefe da Operação Lava Jato. Esvaziado, o ato foi boicotado por simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Bolsonaro pediu que manifestantes não fossem ao protesto para "poupar esforços" em prol da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro. O Movimento Brasil Livre (MBL) se retirou da organização.

Encabeçado pelo partido Novo e pelo movimento Vem Pra Rua, o ato foi marcado por críticas a "excessos" do Poder Judiciário e à indicação do advogado Cristiano Zanin ao Supremo Tribunal Federal (STF). Havia cartazes com os dizeres "Zanin Não", em repúdio à opção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por indicar seu advogado pessoal como ministro, mensagens de ataque ao TSE e faixas "contra uma Justiça a serviço do PT".

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