Brasil

Deltan Dallagnol critica fundo eleitoral nas redes sociais

O procurador declarou que políticos querem "ganhar no tapetão e impedir a busca da transformação"

Dallagnol: "80% dos brasileiros querem votar em pessoas novas" (Wilson Dias/Agência Brasil)

Dallagnol: "80% dos brasileiros querem votar em pessoas novas" (Wilson Dias/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de agosto de 2017 às 21h51.

São Paulo - O procurador da República Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Operação Lava Jato, declarou nesta sexta-feira, 11, que "políticos querem ganhar no tapetão e impedir você de buscar transformação".

"#NãoReformaTapetão", pede o procurador.

"Cansada de ser roubada, a sociedade coloca suas esperanças em novas pessoas mais comprometidas com o interesse público", afirma.

O procurador mira o fundo partidário bilionário. "Em vez de proibirem as caríssimas produções de marketing televisivo (filmagens hollywoodianas passadas no horário de campanha eleitoral da TV) e valorizarem o debate de ideias, fizeram o inverso, propondo a expansão do valor do fundo partidário para R$ 3,6 bilhões, 0,5% do orçamento, em tempos de crise e de aumento dos impostos."

Leia a íntegra da manifestação de Deltan no Facebook:

"REFORMA POLÍTICA: POLÍTICOS QUEREM GANHAR NO TAPETÃO E IMPEDIR VOCÊ DE BUSCAR TRANSFORMAÇÃO #NãoReformaTapetão

A população busca renovação política - 80% dos brasileiros querem votar em pessoas novas.

Cansada de ser roubada, a sociedade coloca suas esperanças em novas pessoas mais comprometidas com o interesse público.

E o ambiente está favorável para a renovação porque a campanha de 2018 seria mais barata: a Lava Jato secou em boa medida as fontes ilícitas de financiamento eleitoral e, some-se, o Supremo proibiu a doação eleitoral por empresas.

Muitos políticos estavam acostumados a ganhar a alto preço, investindo milhões que, como vimos, não raro eram desviados dos cofres públicos.

'Eleger um deputado federal custa R$ 30 milhões', disse essa semana o operador Adir Assad em audiência perante o juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato do Rio.

Contudo, diante da perspectiva de campanhas baratas e do desejo social de renovação, muitos políticos passaram a perceber o risco de perder.

Perder o cargo pode significar perder o foro privilegiado, perder imunidade contra prisão preventiva e perder o direito à demora inerente à investigação e julgamento em tribunais.

Por isso, agora, por meio de uma 'reforma política' guiada por interesses próprios, muitos políticos tentam mudar as regras para que tudo fique como está.

Vendo as chances reais de perderem eleições pelas regras atuais, querem mudar a regra do jogo em benefício próprio. Um tapetão.

Uma situação de conflito de interesses (o interesse privado, de parlamentares, distancia-se do interesse público, da sociedade). E isso está sendo discutido e será votado dentro das próximas semanas, para valer para as próximas eleições. Nesta semana, o que foi aprovado na comissão de reforma nos preocupa muito.

Em vez de proibirem as caríssimas produções de marketing televisivo (filmagens hollywoodianas passadas no horário de campanha eleitoral da TV) e valorizarem o debate de ideias, fizeram o inverso, propondo a expansão do valor do fundo partidário para R$ 3,6 bilhões, 0,5% do orçamento, em tempos de crise e de aumento dos impostos.

Além disso, tudo indica que a distribuição do fundo para candidatos ficará nas mãos dos caciques partidários, em grande medida a Velha Política.

Além disso, propõe-se criar o 'distritão'.

Pelo sistema, será eleito quem alcançar mais votos em cada Estado. Esse sistema favorece:

-a eleição de quem é muito conhecido - eles mesmos, velhos políticos, ou algumas pessoas bastante conhecidas (como celebridades) que se decidam aventurar;

-favorece a eleição dos parlamentares que enviaram milhões em emendas parlamentares (que Temer distribuiu recentemente para ganhar votos) para prefeitos, que em troca das emendas pedirão votos para aqueles mesmos parlamentares - exato, eles mesmos, os velhos políticos;

-encarece as campanhas de cada candidato, porque terá que investir recursos para se tornar conhecido e ganhar votos no Estado inteiro, dificultando o ingresso de candidatos novos;

-favorece a eleição de quem terá a bênção dos caciques na distribuição do bilionário fundo partidário - eles mesmos, velhos políticos com relações estabelecidas com os caciques.

O 'distritão' tem, nesse sentido, a mesma função da proposta da lista fechada, em que os caciques escolhem concretamente quem seriam os candidatos eleitos em ordem de prioridade, para retirar a possibilidade de escolha de Você, eleitor.

O 'distritão' é tão ruim que houve uma campanha de cientistas políticos contra ele da última vez que se tentou emplacá-lo. O então grande defensor do 'distritão' era, digno de nota, Eduardo Cunha.

Por que isso tudo deve preocupar Você? Porque sem renovação teremos no poder em 2019 as mesmas pessoas acusadas por corrupção hoje.

Porque estamos fartos de tanta corrupção.

Porque essas mesmas pessoas investigadas e acusadas por corrupção farão de tudo para sabotar a Lava Jato. Tentam hoje e farão mais ainda quando a poeira da Lava Jato baixar, daqui a alguns anos, e não existir uma atenção tão intensa da sociedade.

Se Você decidir continuar a ser espectador, tudo continuará como sempre foi.

Se queremos um país melhor, todos nós precisamos tomar posição sobre aquilo que afeta significativamente o nosso presente e o nosso futuro."

Acompanhe tudo sobre:EleiçõesOperação Lava JatoReforma política

Mais de Brasil

Reeleito em BH, Fuad Noman está internado após sentir fortes dores nas pernas

CNU divulga hoje notas de candidatos reintegrados ao concurso

Chuvas fortes no Nordeste, ventos no Sul e calor em SP: veja a previsão do tempo para a semana

Moraes deve encaminhar esta semana o relatório sobre tentativa de golpe à PGR