Crime brutal: segundo delegado, boa parte da versão inicial da vítima foi sustentada no depoimento de sexta-feira (Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 28 de maio de 2016 às 09h06.
Rio de Janeiro - Mais três pessoas, já identificadas, serão convocadas a deporem no caso da jovem violentada em uma comunidade de Jacarepaguá no Rio.
O delegado Alessandro Thiers, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), ouviu nesta sexta-feira (27) a adolescente, o jogador de futebol Lucas Perdomo, ex-namorado dela, o lutador Raí Souza, que teria gravado o vídeo da jovem desacordada, posteriormente divulgado na internet, e uma outra adolescente, que estaria presente no local no dia do acontecimento.
Thiers não quis adiantar o teor dos depoimentos, mas disse que a casa onde houve o fato já foi identificada e periciada, conhecida como “abatedouro”, no alto da comunidade.
“A verdade vai ser apresentada. Eu não posso ser leviano de cada hora que eu escutar uma versão apresentar para vocês. Se fosse assim, eu teria comprado a versão das meninas, teria comprado a versão dos advogados, teria comprado todas as versões. Tudo está sendo apurado. Eu estou convicto do que está acontecendo. No momento certo, as pessoas ficarão sabendo”, disse.
Segundo Thiers, boa parte da versão inicial da vítima foi sustentada no depoimento desta sexta-feira.
“O depoimento que ela deu na Central de Garantias, em grande parte foi confirmado aqui. A partir de um determinado momento, a advogada dela [Eloisa Samy] pediu para que ela não falasse mais nada. Se houver necessidade, ela será reintimada”, disse Thiers.
A jovem foi a primeira a sair da delegacia, com o rosto coberto e acompanhada de sua advogada, que não quis falar com os jornalistas.
Sexo consentido
Mais cedo, o advogado Eduardo Antunes, que defende Lucas Perdomo, negou que seu cliente tenha participado do estupro da adolescente. Segundo ele, o jogador, o rapaz que teria divulgado o vídeo, uma moça e a adolescente entraram em uma casa abandonada para praticar sexo e que seu cliente saiu e deixou o local.
"Eles se encontraram em um baile funk e foram para esse imóvel. Eles tiveram a relação, cada qual com sua parceira. A questão dos 30 é um rap que exalta um dos personagens lá do local dizendo que o fulano é o cara, engravidou mais de 30. Não que 30 tivessem ficado com a menina", disse o advogado.
O advogado Cláudio Lúcio da Silva, que representa Raí Souza, admitiu que seu cliente filmou o vídeo na internet, mas negou que ele tenha participado de estupro. Repetiu a versão do outro advogado que os jovens saíram de um baile e foram para a casa onde foi gravado o vídeo, mas que não houve estupro.
“Negativa de autoria. Não houve estupro. Houve um ato consensual. O meu cliente filmou e assumiu em juízo, mas não foi ele quem divulgou. Ele ficou surpreso pela repercussão do caso. Os exames vão provar que não houve [estupro]”, disse Cláudio.
À tarde, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, reuniram-se no Rio para tratar do caso e garantiram que as investigações seguirão até o fim e que os culpados seriam punidos. O governo federal anunciou a criação de um departamento especial na Polícia Federal para investigar crimes contra a mulher.