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Delator relata propina com Alstom após crise de energia

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa relata um contrato firmado pela Petrobras com a Alstom após a crise energética de 2002


	Paulo Roberto Costa: de acordo com ele, nesta época dos "apagões" do final do governo FHC, coube à Petrobras iniciar a construção de termoelétricas
 (Valter Campanato/ABr)

Paulo Roberto Costa: de acordo com ele, nesta época dos "apagões" do final do governo FHC, coube à Petrobras iniciar a construção de termoelétricas (Valter Campanato/ABr)

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Da Redação

Publicado em 9 de março de 2015 às 22h22.

Brasília - Em depoimento no âmbito da Operação Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa relata um contrato firmado pela Petrobras com a Alstom após a crise energética de 2002, no qual, segundo ele, teria sido acertado pagamento de propina.

De acordo com ele, nesta época dos "apagões" do final do governo Fernando Henrique Cardoso, coube à Petrobras iniciar a construção de termoelétricas como parte da solução para a crise.

A área responsável pelas contratações, relatou Costa, estava sob responsabilidade de Néstor Cerveró.

Devido à urgência, de acordo com o delator, a Petrobras acertou a compra de grande parte das turbinas necessárias para as termoelétricas diretamente da francesa Alstom.

Paulo Roberto Costa afirmou aos investigadores que chegou ao seu conhecimento, por meio de comentários da área de Gás e Energia da estatal, que houve uma negociação entre Cerveró, a Alstom e o senador Delcídio Amaral (PT-MS). Na época, a gerência de Geração de Energia era ocupada por Cerveró e Delcídio era o diretor da área.

"Aparentemente foi usada uma situação de emergência, como a crise de energia, para viabilizar a realização de um contrato bilionário com a Alstom por parte da Petrobras", disse o delator.

Segundo Costa, comentários "correntes" da área eram no sentido de que "a opção pela Alstom foi devido ao fato de que (a empresa) podia entregar rapidamente o produto e também porque teria concordado em efetuar o pagamento de um considerável valor como propina pela contratação".

Uma quantidade "considerável" das turbinas, segundo o delator, ficou no almoxarifado da estatal "muito embora houvesse, em tese, urgência nas instalações das turbinas". Parte dessas turbinas foi utilizada apenas em 2008, segundo o relato, apesar de terem sido adquiridas em 2002.

A compra para uso muito posterior, segundo o ex-diretor, "não faz sentido", pois há uma grande depreciação quanto ao valor e tecnologia utilizada nas turbinas, o que "leva a crer que possa ter havido um cronograma inexequível" da construção das termoelétricas.

Segundo Corta, desde a compra das turbinas Delcídio passou a ser o "padrinho" de Cerveró na Petrobras e o indicou - já como senador, no início do governo Lula - como Diretor da Área Internacional.

A Procuradoria-Geral da República solicitou o arquivamento das menções a Delcídio. Para os procuradores, as afirmativas de Paulo Roberto Costa "são muito vagas e sobretudo, assentadas em circunstâncias de ter ouvido os supostos fatos por intermédio de terceiros e, ainda, de maneira não individualizada".

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