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Delator diz que pagou R$ 532 mil para PT por Belo Monte

Segundo Pascowitch, propina paga em espécie teve origem nas obras da usina hidrelétrica


	Belo Monte, no Pará: o dinheiro, segundo Pascowitch, saiu da empreiteira Engevix e foi entregue por ele a João Vaccari Neto
 (Divulgação)

Belo Monte, no Pará: o dinheiro, segundo Pascowitch, saiu da empreiteira Engevix e foi entregue por ele a João Vaccari Neto (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2015 às 18h05.

São Paulo e Curitiba - O delator Milton Pascowitch, peça crucial da Operação Pixuleco - 17.º capítulo da Lava Jato que prendeu o ex-ministro José Dirceu -, declarou à Polícia Federal que uma propina de R$ 532,7 mil paga em espécie para o PT teve origem nas obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira (PA).

O dinheiro, segundo Pascowitch, saiu da empreiteira Engevix e entregue por ele ao ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, 'aproximadamente em novembro de 2011'.

O sócio da Engevix Engenharia Gerson de Mello Almada já havia revelado em depoimento dia 6 de abril de 2025 à Polícia Federal que Pascowitch recebeu R$ 2,2 milhões por ter feito lobby para contratação da empreiteira nas obras de Belo Monte.

Pascowitch afirmou ter pago outros R$ 10 milhões em propina viva na sede do PT em São Paulo, valor oriundo de contratos da Petrobras.

Sobre os R$ 10 milhões, o delator disse que 'em duas ocasiões houve entrega para uma portadora de Vaccari, Márcia'.

Segundo Pascowitch, os valores repassados ao ex-tesoureiro do PT eram devolvidos à Jamp Engenheiros por contratos de prestação de serviços que não foram realizados com a Engevix.

"Pagamento semelhante teria ocorrido, ressaiu Milton, quanto à obra de Belo Monte", diz relatório do Ministério Público Federal.

"Neste caso, a Engevix teria repassado R$ 532.765,05, os quais foram entregues pelo colaborador a Vaccari, em espécie, na sede do PT em São Paulo, aproximadamente em 11/2011."

Defesa

O Partido dos Trabalhadores refuta as acusações de que teria realizado operações financeiras ilegais ou participado de qualquer esquema de corrupção.

"Todas as doações feitas ao PT ocorreram estritamente dentro da legalidade, por intermédio de transferências bancárias, e foram posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral", diz Rui Falcão, presidente nacional da sigla.

O criminalista Luiz Flávio Borges D'Urso reagiu enfaticamente aos termos da delação de Milton Pascowitch, que afirmou ter entregue propina em dinheiro vivo para o ex-tesoureiro do PT.

Pascowitch disse que pagou R$ 10 milhões em espécie na sede do PT, em São Paulo. Vaccari está preso em Curitiba, base da Lava Jato, desde abril de 2015.

"Não procede qualquer afirmação, nem desse delator nem de qualquer outro, de que o sr. Vaccari tenha recebido qualquer quantia em espécie. Na verdade, cumprindo sua função de tesoureiro do PT, o sr.Vaccari sempre solicitou doações legais ao partido", declara D'Urso.

O advogado afirmou que todas as doações solicitadas pelo ex-tesoureiro "foram invariavelmente realizadas por depósitos bancários, com o respectivo recibo".

"De tudo foi prestado contas às autoridades competentes", declarou Luiz D'Urso. "Vale lembrar, mais uma vez, que palavra de delator não é prova. E que até hoje nenhuma palavra que acuse o sr. Vaccari nas várias delações foi objeto de comprovação."

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