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Delator diz que entregou dinheiro de Richa em caixas de vinho

Governador do Paraná disse que acusações são "afirmações mentirosas de um criminoso que busca amenizar sua pena"

Beto Richa: (Antônio Costa/ANPr/Divulgação)

Beto Richa: (Antônio Costa/ANPr/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de setembro de 2017 às 16h17.

Última atualização em 2 de setembro de 2017 às 16h17.

Brasília - O delator Eduardo Lopes de Souza, dono da Construtora Valor, afirmou ter recheado caixas de vinho com dinheiro para maquiar o pagamento de caixa dois à campanha à reeleição do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), em 2014.

O empresário alega ter repassado R$ 12 milhões ao ex-diretor da Secretaria de Educação, Maurício Fanini, apontado por ele como operador do esquema.

Alvo da Operação Quadro Negro, que apura desvios na Secretaria de Educação do Paraná, o empreiteiro confessou crimes à Procuradoria-Geral da República e seu acordo de delação está pendente de homologação junto ao Supremo Tribunal Federal.

De acordo com o dono da Valor, Fanini era responsável por indicar os descontos que ele deveria dar em propostas no âmbito de licitações para construção e reformas de escolas com o fim de ganhar os contratos e realizar pagamento de propinas. Ele revelou, em acordo com a Procuradoria, que parte dos valores desviados abasteceu a campanha de Richa.

Em um primeiro momento, Eduardo disse ter entregue os valores dentro do prédio da Secretaria, aonde enfiava as cédulas em uma mochila que ficava ao lado do vaso sanitário do banheiro.

Segundo o delator, houve momento em que os integrantes do suposto esquema começaram a se preocupar "com essa sistemática de entrega" dentro da pasta. "Então, decidimos utilizar caixas de vinho. Eu pegava uma caixa com doze garrafas, deixava apenas duas e preenchia o restante com dinheiro. Eu deixava duas garrafas para que fizessem barulho quando alguém as pegasse e não levantasse suspeitas. A colocação do dinheiro ocorria na própria sede da valor".

"Esse esquema das caixas de vinho foi usado umas cinco ou seis vezes. A gente pegava as caixas e deixava na recepção do prédio do Fanini, na rua Quintino bocaiuva, perto da via rápida que vai para o bairro Bacacheri (rua dep. Joaquim José Pedrosa), bairro Cabral. Ele avisava o dia e o horário que era para deixar lá, por exemplo, quinta-feira, entre 13h00 e 13h30min, evitando que o dinheiro ficasse muito tempo no local. Daquela vez que o Gustavo me ajudou a colocar o dinheiro nas caixas de vinho ele também me acompanhou até o prédio do Fanini para a entrega", relatou.

Os valores em caixa dois, segundo o delator, eram operacionalizados, não apenas por Fanini, mas também pelo secretário especial do Cerimonial e Relações Internacionais do Paraná, Ezequias Moreira Rodrigues, o primo de Richa, Luiz Abi Antoum e o Secretário chefe do gabinete do governador, Deonilson Roldo. "o Fanini comentou que o ex-deputado Eduardo Sciarra era o responsável pelo 'caixa um'".

Com a palavra, Beto Richa

"O governador Beto Richa classifica as declarações do delator como afirmações mentirosas de um criminoso que busca amenizar a sua pena. Tais ilações sequer foram referendadas pela Justiça. E suas colocações são irresponsáveis e sem provas. O governador afirma que nunca teve qualquer contato com o senhor Eduardo Lopes de Souza e sequer fez ou pediu para alguém fazer qualquer solicitação a essa pessoa para a campanha eleitoral de 2014. Todas as doações eleitorais referentes à eleição de 2014 seguiram a legislação vigente e foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.

O governador lembra ainda que foi a própria Secretaria de Estado da Educação que, em abril de 2015, detectou disparidades em medições de algumas obras de escolas e abriu auditoria interna sobre o caso. De imediato, o governador determinou a demissão de todos os envolvidos. As informações levantadas internamente também foram repassadas à Polícia Civil, Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado para que tomassem as medidas cabíveis. É importante salientar ainda que a Polícia Civil do Paraná investigou e prendeu os suspeitos na denominada Operação Quadro Negro, a qual jamais teve qualquer tipo de informação antecipada.

Cabe lembrar ainda que, conforme despacho do governador Beto Richa, a construtora Valor e seus responsáveis foram punidos administrativamente pelo Governo do Estado. Nesse despacho do governador, a empresa foi declarada inidônea para participar de licitações com a administração púbica e foi aplicada uma multa de R$ 2.108.609,84.

Seguindo determinação do governador, a Procuradoria Geral do Estado também entrou com ações civis públicas na 1.ª, 4.ª e 5.ª Varas da Fazenda Publica por dano ao erário contra a construtora Valor e pessoas ligadas à empresa, incluindo o senhor Eduardo Lopes de Souza. Os pedidos de indenização pelos danos causados ao Estado somam R$ 41.091.132,80. Há ainda ações de improbidade administrativa contra os envolvidos, que também buscam ressarcimento dos cofres públicos.

Ou seja, todas as medidas cabíveis foram tomadas para reparação e ressarcimento do erário público e punição dos envolvidos".

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