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Delator confirma que Gabrielli mandou pagar agência

A Muranno Brasil Marketing teria sido paga com recursos de propina desviados da estatal petrolífera num consórcio entre PP, PMDB e PT


	José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras: "o então presidente da empresa Sérgio Gabrielli mencionou ao declarante a existência de uma 'pendência' da Petrobras junto a empresa"
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras: "o então presidente da empresa Sérgio Gabrielli mencionou ao declarante a existência de uma 'pendência' da Petrobras junto a empresa" (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2015 às 15h22.

São Paulo - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa confirmou em depoimento à Polícia Federal que partiu do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli a ordem para o pagamento de uma agência de publicidade investigada pela Operação Lava Jato.

A Muranno Brasil Marketing teria sido paga com recursos de propina desviados da estatal petrolífera num consórcio entre PP, PMDB e PT - partidos que comandavam o esquema de cartel e corrupção na Petrobras.

"Em determinada oportunidade, o então presidente da empresa Sérgio Gabrielli mencionou ao declarante a existência de uma 'pendência' da Petrobras junto a empresa (Muranno) e solicitou ao declarante que fosse resolvida", afirmou Costa, primeiro delator da Lava Jato. O ex-diretor foi ouvido no dia 14 de julho no inquérito que apura os pagamentos à agência de publicidade.

O nome da Muranno surgiu ainda no início da Lava Jato - deflagrada em março de 2014 - na quebra de sigilo bancário das empresas do doleiro Alberto Youssef.

Foram identificados R$ 1,7 milhão pagos entre o final de 2010 e início de 2011, em meio aos repasses envolvendo empreiteiras do cartel.

A Muranno foi apontada por Youssef como uma agência contratada pela Petrobras. Credora de cerca de R$ 6 milhões, a Muranno teria pressionado o governo Lula para receber valores, após o rompimento de contratos.

"Houve a suspensão de contratos pela Petrobras, prejudicando recebimentos da parte acordada com as empresas, que deveriam ser quitados independentemente de suspensão", afirmou o doleiro. Sua versão é coincidente em boa parte com as declarações de Costa no dia 14 de julho.

"Foi chamado por Paulo Roberto Costa, o qual pediu que esta questão fosse resolvida, pois teria recebido um pedido de Sérgio Gabrielli, presidente da estatal, para que isso fosse solucionado."

Gabrielli será ouvido na tarde desta sexta-fera, 9, na Justiça Federal, em Curitiba, como testemunha de defesa de Marcelo Bahia Odebrecht, presidente da maior empreiteira do País, preso desde 19 de junho.

Na versão do doleiro, Costa recomendou que os valores para a Muranno fossem rateados entre PT, PMDB e PP. "Deveria providenciar a quitação dos créditos da empresas, para tanto buscando a contribuição junto a colaboradores do PT, PMDB e PP", afirmou Youssef.

O doleiro disse ter ficado "receoso" com o pedido de Costa "pois para pagar a dívida toda, teria que retirar da parte que era destinada ao PP.

"A sugestão de Paulo (Roberto Costa) foi que então o PP cobrisse uma parte, o PMDB cobrisse outra e que o próprio PT também contribuísse para quitar os valores que estavam sendo cobrado pelas empresas."

Costa afirmou que iria conversar com o operador de propinas do PMDB Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano "para poder conseguir pagamento da parte que caberia ao PMDB".

O doleiro revelou que cuidou dos pagamentos. A Muranno é alvo da Lava Jato desde agosto de 2014 quando foi aberto um inquérito específico para apurar qual o envolvimento da agência no esquema de caixa 2 nas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

O dono da empresa, Ricardo Villani, ouvido no dia 9 de setembro de 2014, confirmou que prestou serviços sem contrato entre 2006 e 2009 para a Petrobras.

Villani diz que em 2004 um ex-gerente da Petrobras o aconselhou a abrir uma empresa para fazer o marketing da estatal em provas de corrida de automóvel nos Estados Unidos.

Segundo ele, a Muranno foi criada especificamente para esses serviços, divulgação do etanol nas provas da Fórmula Indy.

Villani afirmou que tinha R$ 7 milhões a receber. Segundo ele, depois de se reunir pessoalmente com Paulo Roberto Costa - ainda diretor de Abastecimento da Petrobras -, foi procurado por Youssef, que se identificou como "Primo" e providenciou os pagamentos de parte da dívida. Disse que procurou Costa depois que ele deixou a estatal, em 2012.

Defesa

"Nunca tive contatos com esta empresa Muranno, que depois das reportagens, vim a saber que prestava serviços para a Comunicação do Abastecimento e não para a Comunicação Corporativa", disse Gabrielli. "Desta forma não poderia haver uma 'pendência' da Petrobras com a referida empresa", continuou.

"Nunca tive esta conversa com o Paulo Roberto Costa", afirmou o ex-presidente da Petrobras. Gabrielli também disse que não conhece Alberto Youssef.

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