Brasil

Delator acusa Pezão de receber mesada de R$ 150 mil, diz jornal

Carlos Miranda disse em delação, segundo jornal, que Pezão recebia "mesada" de 150 mil reais

Luiz Fernando Pezão: jornal noticia delação que cita propina ao político (Agência Brasil/Agência Brasil)

Luiz Fernando Pezão: jornal noticia delação que cita propina ao político (Agência Brasil/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de abril de 2018 às 14h07.

Rio - Em delação premiada já homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Miranda, amigo de infância do ex-governador Sérgio Cabral (MDB) e operador do esquema de corrupção liderado por Cabral no Estado do Rio, acusou o atual governador, Luiz Fernando Pezão (MDB), de receber mesada de R$ 150 mil enquanto ocupou a função de vice-governador, de 2007 a 2014.

A informação foi divulgada na noite de sexta-feira, 27, pelo jornal O Globo.

Segundo o jornal, Miranda contou na delação que desde o início do primeiro governo de Cabral, em janeiro de 2007, foi orientado a entregar R$ 150 mil mensais ao vice. Essa situação perdurou até abril de 2014, quando Cabral deixou o cargo e Pezão assumiu como governador. A partir de então, segundo o delator, a situação se inverteu: Pezão deu ordem para que Miranda pagasse mesada de R$ 400 mil a Cabral.

A propina a Pezão incluía um décimo-terceiro salário a cada ano, segundo Miranda, e em 2013 houve dois bônus, de R$ 1 milhão cada. O primeiro foi pago em parcelas, com o auxílio do doleiro Renato Chebar, que também negociou delação, disse Miranda.

Conforme o delator, o dinheiro de propina também foi usado para pagar uma obra feita na casa de Pezão em Piraí, no interior do Estado.

Miranda diz ter recebido ordem de Cabral para pagar R$ 300 mil a uma empresa especializada na instalação de painéis solares, para quitar serviços prestados a Pezão.

Para este pagamento, o delator diz ter usado mais uma vez o serviço do doleiro Renato Chebar.

A mesma empresa que teria feito obra na casa de Pezão foi escolhida pelo governo estadual para instalar placas de energia solar em postes ao longo dos 72 quilômetros do Arco Metropolitano. Por esse serviço a empresa recebeu R$ 96,7 milhões do governo estadual.

A delação de Miranda foi homologada pelo ministro do STF Dias Toffoli.

O depoimento em que Miranda acusa Pezão já foi encaminhado pelo Supremo ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), órgão responsável por julgar governadores.

Miranda é amigo de infância de Cabral, chegou a ser seu sócio e, embora não tenha ocupado nenhum cargo oficial durante as duas gestões do ex-governador, foi presença constante nos salões do Palácio Guanabara, sede do governo estadual, em Laranjeiras (zona sul), ao longo desses governos.

Investigações apontam que, nesse período, Miranda se tornou o principal operador do esquema de corrupção liderado por Cabral, intermediando o pagamento de propinas por empresas que fechavam contratos com o governo estadual.

Nota

Em nota divulgada pela assessoria de imprensa, Pezão negou as acusações e afirmou que "repudia com veemência essas mentiras".

"As afirmações são tão absurdas e sem propósito que sequer há placas solares instaladas em sua casa em Piraí", continua.

Pezão "reafirma que jamais recebeu recursos ilícitos e já teve sua vida amplamente investigada pela Polícia Federal".

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoPolíticos brasileirosSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua

STF forma maioria para manter prisão de Robinho

Reforma Tributária: pedido de benefícios é normal, mas PEC vetou novos setores, diz Eurico Santi