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Defesa diz que Fleury deveria ser julgado, e não policiais

“Quem deveria estar aqui sendo julgado é Fleury”, disse Ieda, que defende policiais acusados das mortes


	Ieda disse que Fleury demonstrou irresponsabilidade quando disse que foi dormir com a ideia de havia 40 mortos na rebelião
 (WikimediaCommons)

Ieda disse que Fleury demonstrou irresponsabilidade quando disse que foi dormir com a ideia de havia 40 mortos na rebelião (WikimediaCommons)

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Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2013 às 18h14.

São Paulo – A advogada Ieda Ribeiro de Souza acusou hoje (2) o ex-governador de São Paulo Luiz Antonio Fleury Filho de irresponsável, por não ter tomado a frente na rebelião que terminou com a morte de 111 detentos no Pavilhão 9 da antiga Casa de Detenção de São Paulo.

O caso, ocorrido no dia 2 de outubro de 1992, ficou conhecido como Massacre do Carandiru. “Quem deveria estar aqui sendo julgado é Fleury”, disse Ieda, que defende policiais acusados das mortes. A segunda etapa do julgamento entrou hoje (2) na fase final.

Para a advogada, é “vergonhoso, indecente e inconcebível” o fato de Fleury alegar que não tinha conhecimento do que ocorria no Carandiru.

Em depoimento, o ex-governador explicou que os fatos ocorreram na véspera das eleições municipais e que, no dia, ele estava em Sorocaba, no interior do estado, em campanha com um candidato da cidade. Fleury disse que foi informado sobre uma rebelião em São Paulo, mas que “as coisas estavam sob controle”.

Ieda disse que Fleury demonstrou irresponsabilidade quando disse que foi dormir com a ideia de havia 40 mortos na rebelião. “Ele tinha que ter ficado acordado para ver o que estava acontecendo, porque 40 mortes já seriam inconcebíveis”, afirmou a advogada. “Ele não foi [até o presídio] porque tinha costas quentes politicamente”, acrescentou.

A advogada questionou, além disso, a fidelidade quanto aos números que estão sendo apresentados pela promotoria. Inicialmente, os 25 policiais militares eram acusados pela morte de 73 presos, mas os promotores reduziram esse número para 52. “Se nem o Ministério Público tem certeza da numeração, então por que vou exigir desses homens?”, perguntou.

Ieda pediu empatia aos jurados na hora de refletir sobre os fatos daquele dia. “Você teriam agido diferente? Eles [policiais] são seres humanos”, afirmou Ieda. Na opinião da advogada, a Polícia Militar (PM) não tinha estrutura suficiente para garantir a segurança dos 360 policiais que entraram no presídio. Eles não usavam coletes à prova de balas e, naquela época, não existiam armas não letais, explicou.

Após a apresentação da defesa, estão programadas a réplica e a tréplica, que devem durar cerca de duas horas cada. A decisão dos jurados deve sair ainda hoje, durante a madrugada.

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