Brasil

Defesa de Lula protagonizou 29 discussões em audiência com Moro

A audiência, que ocorreu no dia 21, era para ouvir as primeira quatro das doze testemunhas de acusação chamadas pelo Ministério Público Federal

Lula: a defesa de Lula tentou anular a validade de todos os depoimentos desta segunda (Paulo Whitaker/Reuters)

Lula: a defesa de Lula tentou anular a validade de todos os depoimentos desta segunda (Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de novembro de 2016 às 12h37.

São Paulo - Os advogados de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva protagonizaram 29 episódios de discussão com o juiz federal Sérgio Moro, na primeira audiência do processo em que o petista é réu acusado pela força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, por receber R$ 3,7 milhões em propinas da OAS, no caso do apartamento tríplex do Guarujá (SP).

Foram quase 4 horas de depoimentos, na Justiça Federal, em Curitiba, nesta segunda-feira, 21. A audiência era para ouvir as primeira quatro das doze testemunhas de acusação chamadas pelo Ministério Público Federal.

Os dois primeiros depoimentos, do ex-líder do governo Dilma Rousseff no Senado, o ex-senador Delcídio Amaral, e do empresário Augusto Ribeiro Mendonça, dono do Grupo Setal, foram os mais longos e tomados por uma série de interrupções e bate-boca entre os advogados do petista, o juiz Sérgio Moro e o procurador da República Diogo Castor de Mattos, da força-tarefa da Lava Jato.

Foram ouvidos ainda os ex-executivos da Camargo Corrêa Dalton Avancini e Eduardo Leite. Os quatro são delatores da Lava Jato.

A defesa de Lula, encabeçada pelo advogado Cristiano Zanin Martins, e por José Roberto Batochio, tentou anular a validade de todos os depoimentos desta segunda, apontando que por se tratarem de delatores eles não poderiam ser levados em consideração, interrompeu questionamentos do magistrado, acusando-o de prejudicar a defesa, e do procurador da República.

CIA

Segunda testemunha ser ouvida na audiência, o dono da Setal, Augusto Mendonça, foi questionado pela defesa de Lula sobre um suposto acordo de delação fechado por ele com autoridades norte-americanas.

"O senhor é colaborador apenas no Brasil, ou também no exterior?", perguntou Martins - sócio e genro do compadre de Lula, o advogado Roberto Teixeira.

A testemunha foi o primeiro dono de uma empreiteira do cartel, acusado de fatiar obras na Petrobras, mediante o pagamento sistematizado de propinas a agentes públicos e políticos da base aliada dos governos Lula e Dilma, a fechar acordo de delação com a força-tarefa da Lava Jato - ainda em 2014, primeiro ano das investigações.

"Eu não sei se eu posso responder essa pergunta", disse a testemunha.

"O senhor está sob o dever (de falar a verdade)", retrucou Martins. Moro indeferiu o questionamento e avisou sobre a preservação do direito da testemunha de não prejudicar um eventual acordo de confidencialidade.

"Está indeferido, doutor, até porque a relevância disso me escapa, também."

A defesa insistiu no tema, perguntou se o delator tinha viajado para os Estados Unidos "para esta finalidade". "Não, aí está indeferido também."

O delator acabou respondendo que viajou de 4 a 5 vezes para os Estados Unidos, em 2015. Ele não confirmou ter negociado delação com autoridades norte-americanas, nos processos envolvendo a Petrobras.

Alguns minutos depois, o tema voltou à discussão, nessa vez, durante os questionamentos feitos pelo criminalista José Roberto Batochio. Novamente Moro indeferiu os questionamentos,

"Mas qual a relevância dessa questão para o processo doutor?", perguntou Moro. "Ele é um agente dos Estados Unidos aqui? treinado na CIA, no FBI?"

Batochio respondeu que "constam que há ações nos Estados Unidos que objetivam vários bilhões de indenização".

"Mas isso é fato conhecido, não precisa indagar a testemunha. Está indeferido", afirmou Moro.

"Mas eu faço essa pergunta em nome da soberania do meu País", continuou o defensor.

"Independentemente da soberania, a questão dos reflexos jurídicos para a testemunha, eu tenho que zelar pelos diretos das testemunhas. Próxima pergunta doutor."

Delcídio

O mais longo e tenso depoimento foi o do ex-senador Delcídio Amaral. O tema central do debate foi a abordagem de temas de contextualização da denúncia contra Lula, em que o procurador da Repúblico quis saber dele sobre a origem das indicações políticas como forma de arrecadar propinas na Petrobras, de forma sistematizada.

O depoimento de Delcídio levou mais de uma hora e meio e foi marcado por 23 embates dentre a defesa de Lula e Moro.

Acompanhe tudo sobre:Luiz Inácio Lula da SilvaOperação Lava JatoSergio Moro

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas