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Defesa de Duda Mendonça nega lavagem de dinheiro

Mendonça está entre os 38 réus do julgamento iniciado em 2 de agosto por um escândalo por supostos subornos no Parlamento e financiamento ilegal de campanhas


	Duda Mendonça: O publicitário e seu sócio, Zilmar Fernandes, foram acusados por lavagem de dinheiro
 (Ricardo Benichio/Contigo)

Duda Mendonça: O publicitário e seu sócio, Zilmar Fernandes, foram acusados por lavagem de dinheiro (Ricardo Benichio/Contigo)

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Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2012 às 20h51.

Brasília - A defesa do publicitário Duda Mendonça, que dirigiu a campanha que levou Lula ao poder em 2002, negou nesta quarta-feira no Supremo Tribunal Federal (STF) que seu cliente tenha feito lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Mendonça, de 68 anos e considerado um mago do marketing e da imagem, está entre os 38 réus do julgamento iniciado em 2 de agosto por um escândalo por supostos subornos no Parlamento e financiamento ilegal de campanhas.

O publicitário e seu sócio, Zilmar Fernandes, foram acusados por lavagem de dinheiro e evasão de divisas por recursos recebidos de uma suposta rede de corrupção e por depósitos que o PT teria feito em uma conta que Mendonça tinha no exterior.

O advogado Luciano Feldens, defensor de ambos, afirmou perante o Supremo que ''todo'' o dinheiro recebido por seus clientes tem ''origem lícita'' e correspondia a um ''trabalho realizado'', como ''ajudar'' Lula a chegar à Presidência do Brasil em 2002.

''O PT tinha um sonho, fazer o presidente da República. O candidato era Luiz Inácio Lula da Silva. Para realizar esse sonho, o partido contrata os dois maiores publicitários do país: Duda Mendonça e Zilmar Fernandes'', sustentou ''que dirigiram uma longa e custosa campanha política''.

Feldens afirmou que no processo ''há 36 réus por terem se envolvido de uma ou outra forma em um esquema de desvio de dinheiro público ou de outros ilícitos'', mas ressaltou que Mendonça e Fernandes ''são os únicos que são acusados de ter recebido dinheiro por um trabalho que efetivamente fizeram'' o qual foi ''público e notório''.


O advogado relatou que, no início de 2003, quando Lula já tinha assumido o poder, Mendonça ainda tinha dívidas a cobrar do PT, que lhe recomendou abrir uma conta no exterior para receber o pagamento.

''Era pegar ou largar'', declarou Feldens, que admitiu que seu cliente não tinha declarado a conta às autoridades do Banco Central, embora esclareceu que depois o fez e pagou os impostos e as multas correspondentes às autoridades tributários.

Também lembrou que, em 2005, quando explodiram os escândalos em torno do governo Lula, Mendonça e Fernandes decidiram, ''por sua própria conta e responsabilidade'', tornar pública a forma como o PT tinha pagou o que lhes devia pela campanha de Lula.

''Tudo foi feito de forma lícita, estava previsto em contratos assinados com o PT e há inclusive recibos assinados por esse dinheiro'', de modo que ''não se pode falar de lavagem e evasão'', disse.

O advogado inclusive questionou: ''qual o interesse deles em querer receber de maneira ilegal?'', dúvida que em sua opinião não tem resposta e que anula ''lógica'' da acusação formulada pela Procuradoria Geral.

Outro dos defensores de Mendonça e Fernandes, o advogado Antonio Carlos Almeida de Castro, sustentou que a Procuradoria apresentou uma acusação ''politizada'' e ''distorcida'' em relação a seus clientes, que foram ''misturados'' em assuntos nos quais ''não tiveram participação alguma''.

O STF encerra hoje a fase de apresentação de alegações dos 38 advogados de defesa, depois do qual os 11 magistrados começarão a apresentar e debater seus votos sobre a responsabilidade de cada um dos acusados.

Segundo os cálculos do próprio Supremo, para a tarefa da nova fase é preciso mais de uma semana e uma vez que terminar, serão ditadas as sentenças, que devem ser reveladas até meados de setembro. 

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