(Rosinei Coutinho/STF)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 3 de setembro de 2025 às 12h52.
A defesa do general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-chefe da Casa Civil, afirmou nesta quarta-feira, 3, que a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, é uma "farsa e mentirosa" e pediu anulação da peça.
O advogado José Luis Oliveira Lima afirmou que não há provas que conectem Braga Netto a uma tentativa de golpe, exceto por uma "delação mentirosa e oito prints de tela adulterados".
"Não se pode condenar alguém com base em uma narrativa. A condenação precisa ser feita com base em provas", disse.
Braga Netto encontra-se preso preventivamente e é apontado pela Procuradoria Geral da República (PGR) como uma figura central na tentativa de golpe.
Oliveira Lima declarou ser favorável ao instituto da delação premiada, mas defendeu que ela deve ser fundamentada em coerência e provas. Ele ressaltou que Cid mudou sua versão diversas vezes e omitiu fatos importantes.
O defensor também destacou vícios na colaboração, como o acordo firmado pela Polícia Federal e o colaborador sem a participação do Ministério Público.
"Não se pode condenar alguém com base em narrativas. E o Ministério Público não apresentou nenhuma prova. Não por incompetência ou inércia, mas porque não as tem em relação a Walter Braga Netto. Com toda essa quantidade industrial de documentos, o que temos contra Braga Netto é essa delação e oito prints", afirmou.
Além disso, Oliveira Lima apontou que o tempo disponível para exercer a defesa não foi razoável e que o general não teve pleno direito de defesa. Segundo ele, "a quantidade industrial de documentos" não foi apresentada de forma organizada, e a defesa demorou quase 30 dias para conseguir abrir os arquivos.
"Entendo que, neste processo, que para muitos é o julgamento mais importante da história do STF e tem repercussão internacional, o direito de defesa não pode ser comprometido. Neste caso, nossa defesa não teve acesso pleno. Obtivemos acesso à quase totalidade dos documentos no dia 17 de maio deste ano, dois dias antes do início da instrução", disse.