Defensoria Pública: sistema irá permitir que vítimas detalhem agressão, indiquem os responsáveis e forneçam provas do ocorrido (Defensoria Pública do Estado de SP/Divulgação)
Agência Brasil
Publicado em 19 de outubro de 2018 às 17h10.
A Defensoria Pública do Estado de São Paulo inaugurou nesta sexta-feira, 19, uma central virtual para receber denúncias de violência motivadas por preconceito e intolerância. O Observatório da Violência por Intolerância .
O site disponibiliza um formulário que as vítimas preencham descrevendo detalhes sobre agressão e especificando se a violência ocorreu por meio presencial ou digital, qual o tipo de violência (agressão física, ameaça, ofensa verbal ou dano patrimonial), qual a razão e o contexto (discriminação racial, homofóbica, por origem ou xenofobia, de gênero, ou intolerância política ou religiosa).
O sistema permite também que as vítimas indiquem os agressores e forneçam provas do ocorrido. Apenas deverão ser registrados casos ocorridos no Estado de São Paulo. O sigilo das informações pessoais coletadas é garantido.
"Pensamos no observatório como uma ferramenta de mapeamento da violência decorrente das diversas formas de intolerância, inclusive permitindo a identificação mais rápida e segura de eventuais alterações na sociedade sobre esse fenômeno, que exige um olhar atento do estado, tanto no aspecto de prevenção quanto de repressão. A ideia da Defensoria é contribuir para uma ação conjunta e articulada de órgãos públicos sobre o tema", afirmou a 1ª Subdefensora Pública-Geral, Juliana Belloque.
De acordo com a Defensoria, os registros recebidos vão servir para consolidar dados e casos que possam subsidiar políticas públicas de prevenção e enfrentamento a episódios de intolerância. O órgão irá ainda orientar as vítimas juridicamente e acompanhar casos graves relatados.
A morte de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs) cresceu 30% em 2017 na comparação com o ano anterior, segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB) divulgado em janeiro. Foram 445 mortes motivadas por homofobia no ano passado.
O monitoramento anual é feito há 38 anos. A pesquisa da GGB mostra também que 56% dos episódios ocorreram em vias públicas e que a prática mais comum com travestis é o assassinato na rua a tiros ou por espancamento.
No início da semana, uma travesti foi assassinada na região do Largo do Arouche, no centro da capital paulista. O crime é investigado pelo 3º Distrito Policial de São Paulo. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) fez a perícia no local do crime onde começaram as agressões. Há indícios de que a morte tenha sido provocada por intolerância política e divergências ideológicas.
Um ato em memória da travesti está marcado para o próximo domingo no Largo do Arouche. O evento "Priscila Vive: Ato em Memória Dela e por Justiça - Fascismo Não" ocorrerá às 18h.