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Decisão sobre cassação de Cunha fica para depois do Carnaval

A decisão sobre o processo que pede a cassação do presidente da Câmara no Conselho de Ética da Casa deve ficar para depois do Carnaval, admitiu o relator


	Homem usa máscara de Eduardo Cunha: “após o Carnaval a gente pode colocar em apreciação do conselho a complementação do voto e fazer a apreciação dessa matéria", diz relator
 (Movimento Halloween)

Homem usa máscara de Eduardo Cunha: “após o Carnaval a gente pode colocar em apreciação do conselho a complementação do voto e fazer a apreciação dessa matéria", diz relator (Movimento Halloween)

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Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2016 às 20h06.

Brasília - A decisão sobre o processo que pede a cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Conselho de Ética da Casa deve ficar para depois do Carnaval, admitiu nesta quarta-feira o relator do caso no colegiado, o deputado Marcos Rogério (PDT-RO).

Segundo Rogério, a decisão divulgada na terça-feira tomada pelo vice-presidente da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), de acatar um recurso questionando o rito adotado na análise da admissibilidade do processo, já havia forçado o caso a voltar algumas casas no tabuleiro.

Soma-se a esse cenário o fato de o PSOL, autor da representação contra Cunha, ter apresentado nesta manhã um aditamento à denúncia, tornando obrigatória uma complementação do voto de Rogério. “Considerando que o PSOL apresentou uma complementação... esse fato exige uma manifestação do relator e conhecimento da defesa (de Cunha)”, disse o relator a jornalistas.

“Após o Carnaval a gente pode colocar em apreciação do conselho a complementação do voto e fazer a apreciação dessa matéria.”

O parecer favorável à continuidade do processo que pede a cassação do mandato de Cunha já havia sido aprovado em dezembro do ano passado, mas decisão de Maranhão acabou anulando o resultado. As ações do vice-presidente da Câmara são interpretadas por muitos parlamentares como clara influência de Cunha, que por sua vez argumenta que não interfere nos trabalhos do conselho e que não utiliza as prerrogativas de seu cargo para obter vantagens no caso.

Questionado por jornalistas sobre a recente decisão do vice-presidente da Casa, Cunha afirmou que muitos dos adiamentos no processo ocorrem apenas porque o presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), não respeita o regimento Interno.

“O presidente do Conselho de Ética parece agir a meu favor e acaba me prejudicando”, disse, julgando injustas as acusações de que estaria “manobrando” para prolongar o processo.

“Descumpre o regimento e acaba gerando isso”, afirmou o presidente da Câmara. Desafeto declarado do governo da presidente Dilma Rousseff, Cunha é alvo de representação do PSOL e da Rede no Conselho de Ética, sob o argumento de que teria mentido em depoimento à CPI da Petrobras no ano passado, quando negou ter contas bancárias além do que estava declarado em seu Imposto de Renda.

Posteriormente, documentos dos Ministérios Públicos do Brasil e da Suíça apontaram a existência de contas em nome de Cunha e de familiares no país europeu.

A existência das contas bancárias é apurada em inquérito da Procuradoria-Geral da República (PGR), que já solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o afastamento do deputado de suas funções, sob a alegação de que se utiliza do cargo para benefício próprio. Segundo o Rogério, o adendo apresentado pelo PSOL à representação no Conselho de Ética leva em conta a suspeita de que Cunha tenha outras contas bancárias. Também corre contra o presidente da Câmara uma denúncia da PGR no STF sob acusação de ter recebido 5 milhões de dólares em propina no esquema de corrupção na Petrobras.

Cunha nega qualquer irregularidade e acusa o procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, de atuar de maneira parcial para constrangê-lo.

Não é a primeira vez que decisões de Maranhão atrasam a tramitação do processo contra Cunha. O vice-presidente foi o responsável por decisão, no ano passado, que acatou apelação contra a nomeação do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) como relator do caso, por ele pertencer a um partido que formava bloco com o PMDB, partido de Cunha, no início da atual legislatura. 

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