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De sexóloga a prefeita: conheça a trajetória de Marta Suplicy, provável vice de Boulos

Ex-ministra deve retornar ao partido de Lula para compor a chapa com deputado do PSOL após deixar secretaria na gestão de Ricardo Nunes

Marta pediu demissão nesta terça-feira ao prefeito de São Paulo (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Marta pediu demissão nesta terça-feira ao prefeito de São Paulo (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 10 de janeiro de 2024 às 09h34.

Nove anos após a desfiliação do PT, a ex-prefeita Marta Suplicy (sem partido) aceitou o convite da sigla para ser pré-candidata a vice de Guilherme Boulos (PSOL) na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

A ex-ministra dos governos Lula e Dilma iniciou sua carreira política em 1981 e deixou o partido 33 anos depois sob a alegação, expressa em carta na qual anunciou a desfiliação, de que o PT era protagonista de um dos "maiores escândalos de corrupção" que o Brasil já havia enfrentado.

Marta pediu demissão nesta terça-feira ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), do cargo de secretária de Relações Internacionais, que ocupou durante três anos. A saída ocorre após a agora ex-secretária se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia anterior, onde recebeu o convite para se filiar novamente ao PT e ser vice de Boulos

Confira a trajetória política de Marta Suplicy.

Origem e família

Nascida na capital paulista, Marta Suplicy é psicóloga e sexóloga de formação — chegou a apresentar um quadro sobre sexo na TV. Tem 78 anos e foi casada com o hoje deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP) por quase quatro décadas. É mãe dos músicos Supla e João Suplicy e atualmente é casada com o empresário Márcio Toledo.

De prefeita a ministra

A carreira de Marta na política teve início em 1981, quando se filiou ao PT. Pelo partido, foi deputada federal e tornou-se prefeita de São Paulo em 2000. Foi também ministra do Turismo no governo Lula 2 e da Cultura na gestão Dilma 1. Em 2011, foi eleita para o Senado e exerceu o mandato até 2019. Tornou-se secretária municipal de Relações Internacionais em 2021, a convite do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB).

Legado e polêmicas

Em seu mandato como prefeita, Marta é lembrada pelo Bilhete Único e pelos Centros Educacionais Unificados (CEUs). A reformulação na cobrança de impostos rendeu a ela a alcunha de “Martaxa”. Foi condenada por improbidade em 2014, mas conseguiu a absolvição no ano seguinte. Quando era ministra do Turismo, foi criticada ao responder com “relaxa e goza” a um questionamento sobre a crise no setor aéreo.

Rompimento com o PT

Marta deixou o PT em 2015, após 33 anos, acusando o partido de ser “protagonista de um dos maiores escândalos de corrupção” do país. Ela fez referências indiretas ao mensalão e ao esquema de corrupção na Petrobras. Em 2016, votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff e chegou a entregar um buquê de flores a Janaina Paschoal, uma das autoras do pedido de afastamento da ex-presidente.

Metamorfose política

A ex-prefeita e ex-ministra filiou-se ao MDB meses depois de sair do PT e permaneceu na legenda até 2018. Ingressou no Solidariedade em abril de 2020, quando era cotada para ser vice na chapa à reeleição do prefeito Bruno Covas. Por discordâncias com a direção da legenda, pediu desfiliação após cinco meses e está sem partido desde então.

Acordo indefinido

Boulos afirmou nesta terça-feira que não conversou com Marta sobre ela compor sua chapa nas eleições. A decisão sobre a definição de sua vice deve ser tomada exclusivamente pelo PT, afirmou ele.

— Vamos dar tempo ao tempo. O processo da definição da vice está sendo conduzido pelo Partido dos Trabalhadores. Não conversei com a Marta após o encontro dela com o presidente Lula — afirmou Boulos.

Nos bastidores, dirigentes do PT atribuem o convite pessoal do presidente da República ao fato de Nunes ter se aproximado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Dentro do PSOL, o nome da ex-prefeita, depois de ela ter apoiado o impeachment de Dilma Rousseff e se aliado ao ex-presidente Michel Temer, causa desconforto.

No entanto, o acordo entre PSOL e PT, selado em 2022 quando o líder sem-teto se retirou da disputa pelo governo de São Paulo para se aliar a Fernando Haddad — em troca do apoio de Lula a Boulos em 2024 —, é que os petistas teriam carta branca para escolher o nome para a vaga. Marta surgiu mais como alguém da vontade de Lula do que de uma construção coletiva na sigla que comanda o Planalto

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