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De polêmica e polêmica, Congresso deixa o importante para depois

A incapacidade do governo de articular o encaminhamento de projetos é tema de crescente descontentamento

Congresso: MPs da reforma administrativa, do saneamento e do setor aéreo estão perto de caducar (Adriano Machado/Reuters)

Congresso: MPs da reforma administrativa, do saneamento e do setor aéreo estão perto de caducar (Adriano Machado/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2019 às 06h14.

Última atualização em 16 de maio de 2019 às 06h33.

Que pautas relevantes ao Brasil o Congresso vai encaminhar nesta quinta-feira? A julgar pela rotina das últimas semanas, a resposta pode continuar a ser “nenhuma”. A incapacidade do governo de articular o encaminhamento de projetos que fujam da rotina de escândalos é tema de crescente descontentamento entre deputados.

Ontem, como se sabe, a Câmara se dedicou a ouvir as explicações do ministro da Educação, Abraham Weintraub, sobre os bloqueios anunciados em universidades federais. É um tema tão relevante à sociedade que levou milhares de pessoas às ruas em todos os estados. O problema: no Congresso, como esperavam os mais céticos, a ida do ministro foi apenas mais uma oportunidade de cada lado do jogo político defender seus interesses, e aparecer para suas redes sociais. No Twitter, o deputado Tiago Mitraud (Novo-MG), afirmou que “a oposição tem utilizado o debate sobre os cortes no setor para obstruir as pautas modernizantes do país”.

A oposição, claro, afirma que seu papel é ser oposição, e que cabe aos líderes do governo impor sua agenda. Entre as medidas provisórias (MPs) na pauta do Congresso e com risco de caducar estão a MP 863, que libera até 100% do investimento estrangeiro em companhias aéreas. A medida precisa ser votada até o dia 22. A MP da reforma administrativa, que trata da reorganização dos ministérios e que inclui a ida do Coaf para o Ministério da Economia, vence no dia 3 de junho. Assim como a MP 868, que cria novo marco legal para o saneamento básico, e também caduca no dia 3. A reforma tributária, em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça, está em segundo plano — o parecer do relator foi apresentado ontem.

Na segunda-feira Bolsonaro afirmou que o Parlamento não vai deixar a reforma administrativa caducar, o que o forçaria a recriar até 10 ministérios. Mas ninguém vê ações concretas do governo para evitar que isto aconteça. Ontem, o presidente chamou os manifestantes que tomaram cidades brasileiras de “idiotas”. Weintraub, na Câmara, disse que os parlamentares da oposição não trabalham. Na terça-feira, antes de embarcar para os Estados Unidos, Bolsonaro, segundo relato de 12 líderes partidários, mentiu que os bloqueios na educação teriam sido cancelados.

“O governo precisa de algo simples: organização, unificação, mapeamento e autoridade. Com mensagens trocadas, discursos desalinhados e sem líderes reconhecidos dificilmente terão avanços, principalmente em um Congresso fragmentado”, afirmou, no Twitter, o cientista político Lucas de Aragão, sócio da consultoria Arko Advice.

Nesta quinta-feira, as atenções devem estar concentradas em tentar explicar as revelações da revista VEJA de que Flávio Bolsonaro, senador e filho mais velho do presidente, comprou 19 imóveis em operações com indícios de lavagem de dinheiro. Com tanta polêmica, as pautas que importam ficam para depois.

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