André Figueiredo, vice-presidente do PDT (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Marcelo Ribeiro
Publicado em 29 de dezembro de 2016 às 06h00.
Última atualização em 29 de dezembro de 2016 às 06h00.
São Paulo – Não é só o governo que está tendo que se esforçar para evitar um racha na base aliada por causa da eleição à presidência da Câmara dos Deputados. Na oposição, a decisão do deputado federal André Figueiredo (PDT-CE) de oficializar a candidatura ao comando da Casa acendeu os questionamentos sobre a unidade do bloco.
A EXAME.com, o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (PT-BA), admitiu que alguns parlamentares da oposição não aprovaram a decisão do PDT de oficializar a candidatura de Figueiredo uma vez que não houve consenso com os demais partidos opositores do governo do presidente Michel Temer (PMDB).
Em entrevista a EXAME.com, o candidato do PDT destacou que a legenda foi instigada por outros partidos a lançar candidatura própria. Ele afirmou ainda que vários deputados petistas sinalizaram que a sigla não tinha interesse em apresentar um candidato.
“O PDT não traiu o PT. Não traímos ninguém da oposição. Minha candidatura ainda vai se submeter a análise dos partidos da oposição”, disse Figueiredo. “Não é uma candidatura pessoal, nem do PDT. É de um campo”, completou.
Indagado se sua candidatura pode dificultar os planos da oposição em estabelecer uma unidade, o parlamentar do PDT reforçou que a “construção da candidatura desse campo pode ser o primeiro sinal de unidade do bloco da oposição”. Para ele, esse passo é fundamental para que essa unidade seja alcançada.
Segundo Figueiredo, depois que o PT sinalizou que provavelmente não lançaria uma candidatura ao comando da Câmara, o presidente do PDT, Carlos Lupi conversou com a bancada pedetista e optaram por indicá-lo. “Não é uma imposição”.
Maia na mira
O deputado do PDT não poupou críticas ao atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que está tentando viabilizar sua recondução ao cargo em fevereiro de 2017.
“É preciso que o Legislativo seja independente e não apenas um carimbador dos projetos que vem do Executivo”, disse Figueiredo.
Para ele, a tentativa de Maia de se reeleger no comando da Casa é inconstitucional. “O intuito da Constituinte era fazer um rodízio na presidência do Legislativo. Ele não quer respeitar isso”, afirmou.
PDT está de olho no Palácio do Planalto
Figueiredo confirmou que o PDT terá candidatura própria à Presidência da República em 2018. “A candidatura do Ciro [Gomes] é irreversível. Mesmo se Lula for candidato, Ciro será candidato. Ele não colocou essa condicionante”.
O deputado do PDT acredita que a corrida presidencial será resolvida em dois turnos e destacou que o eleitorado terá várias alternativas. “Serão tantos quanto ou mais candidatos que em 1989”.