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De olho na ineficiência do SUS, setor privado ganha espaço

Corte de custos e planos mais baratos tentam atrair classes C e D insatisfeitas com o atendimento público

Hospitais particulares investem para atender ao público das classes C e D (Germano Luders/ Arquivo EXAME)

Hospitais particulares investem para atender ao público das classes C e D (Germano Luders/ Arquivo EXAME)

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Da Redação

Publicado em 11 de fevereiro de 2011 às 09h52.

São Paulo - Mais da metade dos brasileiros que já precisaram dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) reclama que faltam médicos para tornar o atendimento mais rápido, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado na quarta (9). As pessoas que tentam driblar as filas e a demora no atendimento do serviço público de saúde esbarram no valor das mensalidades dos planos de saúde: 39,8% dos entrevistados indicaram o preço como o maior problema da rede sumplementar.

Especialistas apontam que o serviço particular de saúde tenta se adaptar e ser uma alternativa mais barata aos usuários de menor poder aquisitivo - e apresentam crescimento. Somente no ano passado, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) registrou um aumento de 6,3% dos beneficiários de planos de saúde, o maior observado desde 2004.

Para o presidente da Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP), Henrique Salvador, o mercado aquecido e o aumento no número de trabalhadores com carteira assinada têm provocado a absorção pelo setor de mais pessoas que antes utilizavam o serviço público de saúde. “Os planos coletivos financiados por empresas estão trazendo mais usuários para os hospitais privados e o setor está sendo ampliado para absorver essa nova demanda”, afirmou.

A necessidade de empregar esforços para atender ao público com menor poder aquisitivo cresceu nos últimos três anos, segundo Salvador. “Os hospitais particulares estão oferecendo cada vez mais serviços e investindo na gestão de recursos para baratear os custos”, disse.

Como em qualquer outro negócio, a redução dos custos empresarias pode significar preços mais baixos para o consumidor final. Segundo Edison Aurélio da Silva, coordenador do MBA em Gestão Hospitalar e Sistemas de Saúde da Faculdades Oswaldo Cruz, a expansão do setor privado de saúde, motivada pela inclusão das classes C e D, é observada principalmente nos grandes centros urbanos. "Se o setor público não atua, a iniciativa privada vê a oportunidade a ser conquistada por mudanças estratégicas", apontou Silva.

Preços populares

Os laboratórios de exames médicos também buscam atender à demanda do público que, como divulgou a pesquisa do Ipea, reclama da demora para marcação de exames no SUS. O Lavoisier oferece preços populares em unidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Distrito Federal, como hemograma completo a R$ 8.

Segundo a empresa, o programa já atendeu milhares de pessoas e registrou o faturamento de R$ 16,2 milhões em 2010, 18% maior que no mesmo período do ano anterior.

Como anda o setor público

O levantamento do Ipea apontou que, para 57,9% dos usuários do serviço público de saúde, a qualidade dos serviços não é o principal problema, mas sim a ausência de mais profissionais nos postos, centros de saúde e hospitais. As filas e a demora para o atendimento em serviços de urgência, além do período de espera para uma consulta médica, também foram queixas apontadas pelos entrevistados para a qualificação do SUS.

“Falta investimento em atendimento primário feito nas unidades básicas de saúde para atender problemas leves e exames, que são a maior demanda dos serviços do setor”, afirmou o Carlos Suslik, professor do MBA Executivo em gestão de saúde da Insper –HIAE.

Para o especialista, “a formação de equipes multiprofissionais, com capacitação de mais profissionais de saúde para dar suporte aos médicos”, tornaria mais ágil o atendimento dos pacientes que não foram tratar doenças crônicas e diminuiria o problema de filas e o tempo de espera em hospitais e pronto-socorros.

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