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De início houve febre, mas venda não avança, diz comerciante de armas

Na opinião dele, decreto que facilita o acesso para caçadores, atiradores e colecionadores não deve alterar de forma significativa a venda de armas

Armas: a maioria dos interessados, segundo o comerciante, acha que poderia sair da loja levando o revólver ou a espingarda (Mongkol Nitirojsakul/Getty Images)

Armas: a maioria dos interessados, segundo o comerciante, acha que poderia sair da loja levando o revólver ou a espingarda (Mongkol Nitirojsakul/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de maio de 2019 às 08h15.

São Paulo — Desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o governo, as lojas de armas registraram um grande aumento pela procura, mas poucas vendas. "De início houve uma febre e chegamos a registrar um aumento de 195% na procura, mas de pessoas que não tinham um mínimo de informação. Dessas, apenas 4% estavam realmente interessadas e aptas a adquirir uma arma", disse o comerciante Antonio Aramis Carpes Saldanha, dono da Casa do Tiro, em Campo Grande (MS).

A maioria dos interessados, segundo ele, acha que poderia sair da loja levando o revólver ou a espingarda. "Quando explicamos que precisa preencher documentos, passar pelo exame de aptidão e esperar pelo menos 60 dias, a pessoa desiste", disse. Os interessados também se assustam com o preço. As armas mais procuradas são pistolas nacionais, com custo acima de R$ 5 mil, e espingardas de caça, na faixa de R$ 4 mil. "Uma pistola importada custa mais de R$ 9 mil", diz Saldanha.

Na opinião do comerciante, no ramo há nove anos, o decreto que facilita o acesso para caçadores, atiradores e colecionadores, os CACs, não deve alterar de forma significativa a venda de armas. "CACs são uma parcela pequena, de 15% da nossa demanda", disse.

O comerciante Ronaldo Piovesan, com loja aberta há 87 anos em São Carlos (SP), disse que as vendas estão no mesmo patamar de 2018 porque o potencial comprador está sem dinheiro. "O presidente dará uma ajuda efetiva ao setor se reduzir em 50% o imposto sobre as armas." Ele dá o exemplo de uma pistola Taurus, que nos Estados Unidos custa US$ 400 - cerca de R$ 1,6 mil -, mas no Brasil tende a ficar acima de R$ 5 mil.

Cão

No início deste ano, após ter a casa invadida por ladrões, o vendedor autônomo Abílio Netto, de Sorocaba, pensou em comprar uma arma para defesa. "Fui à Polícia Federal e, como eu preenchia os requisitos básicos, fiz os exames técnico e psicológico, mas exigiram o curso de tiro. Quando fui ver o preço, eu precisaria desembolsar R$ 700 por cem disparos. Aí fui ver o preço da pistola e a mais barata custaria R$ 4.980. Resumindo, acabei comprando um cachorro."

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