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De Fiat Elba à prisão: Relembre polêmicas envolvendo Fernando Collor preso após decisão de Moraes

Detenção imediata do político foi determinada após se esgotarem os recursos no processo no qual ele foi condenado por participar de um esquema de corrupção

Manifestação contra o então presidente Fernando Collor de Mello (Paulo Fridman/Sygma via Getty Images) (Getty Images)

Manifestação contra o então presidente Fernando Collor de Mello (Paulo Fridman/Sygma via Getty Images) (Getty Images)

Agência o Globo
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Publicado em 25 de abril de 2025 às 07h38.

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O ex-presidente e ex-senador Fernando Collor de Mello foi preso na madrugada desta sexta-feira, 25, em Maceió, após ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Collor foi detido às 4h da manhã quando se preparava para viajar a Brasília e se entregar à Polícia Federal.

Ele está custodiado na Superintendência da Polícia Federal em Maceió. A prisão encerra mais um capítulo da trajetória marcada por escândalos desde o impeachment em 1992. Relembre, abaixo, alguns casos marcantes envolvendo o político.

Fiat Elba

A compra do carro Fiat Elba Weekend 1991 em nome do então presidente Collor foi o grande pivô da abertura do processo de impeachment contra o ex-mandatário. A aquisição do veículo teria sido feita com dinheiro desviado por Paulo César Farias, o PC Farias, tesoureiro da campanha do "caçador de marajás". A informação veio à tona em uma comissão parlamentar instaurada para apurar as supostas irregularidades.

O Elba teria sido comprado por José Carlos Bonfim, que seria um funcionário fantasma. O esquema foi um dos argumentos mais sólidos apresentados pelo Ministério Público para acusar Collor de ter cometido corrupção passiva. Em julgamento realizado em 1994, porém, o Supremo Tribunal Federal considerou que as provas eram insuficientes para condenar o ex-presidente.

Caso PC Farias

Acusações sobre a articulação de um suposto esquema de desvio de dinheiro coordenado pelo tesoureiro da campanha de Collor, PC Farias, também pesaram para que o ex-mandatário sofresse um processo de impeachment. Em entrevista à revista Veja à época, o irmão do então presidente, Pedro Collor, afirmou que o tesoureiro operava um sistema de tráfico de influência dentro do governo, além de atuar em lavagem de dinheiro e concorrências fraudulentas.

Pedro afirmou ainda que o ex-mandatário tinha conhecimento e concordava com o esquema operado por PC Farias. Após o escândalo estourar, o ex-tesoureiro de Collor chegou a fugir do país em um bimotor, mas acabou preso na Tailândia.

Poupanças confiscadas

Diante da aguda crise econômica que antecedeu a implementação do real, o governo lançou o Plano Collor, em 1990, como forma de frear a inflação a 84%. A proposta, porém, pegou a população de surpresa em um episódio conhecido como "confisco da poupança".

Em anúncio à época, a então ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello, anunciou o plano que suspendeu acesso a cadernetas de poupança de todos os brasileiros, entre outros rendimentos, como CDBs. Na ocasião, cerca de 80% do dinheiro aplicado ficou retido no Banco Central por 18 meses.

A medida extremamente impopular foi uma das "gotas d'água" para a mobilização popular pelo impeachment do presidente. Trinta anos depois do Plano Collor, ele foi às redes sociais pedir desculpas pela iniciativa.

'Caras pintadas'

Diante da série de desarranjos envolvendo o governo Collor, a população foi às ruas em um movimento pedindo a destituição do presidente do cargo, que ficou conhecido por "Caras Pintadas". A mobilização, comandada por jovens estudantes, ajudou a pressionar parlamentares pela instauração de processo de impeachment na Câmara dos Deputados, em 1992.

Impeachment

Em setembro de 1992, a Câmara dos Deputados instituiu uma Comissão Especial para analisar as denúncias contra Collor por crime de responsabilidade, que por sua vez motivaram a abertura de processo de impeachment. Ainda no final do mês, o presidente foi afastado do cargo por 441 votos a favor e 38 contra na Câmara dos Deputados, para responder ao processo.

O caso avançou no Senado no fim de dezembro de 1992, quando Collor tentou renunciar ao cargo ao perceber que o resultado não seria favorável. A manobra, porém, não funcionou.

'Aquilo roxo'

Enquanto ainda ocupava a presidência, Collor tentava mostrar mais jovialidade e se deixava fotografar realizando atividades como cooper, praticando esportes e andando de jet-ski. No entanto, em um desses momentos em que quis mostrar virilidade, o presidente afirmou que tinha "aquilo roxo", em referência ao seu órgão sexual. A declaração de cunho explícito não foi bem recebida.

Livro de ex-primeira-dama

Em 2012, a ex-primeira-dama Rosane Collor anunciou que preparava um livro de memórias do período em que Fernando Collor ocupou a Presidência. Entre os relatos, ela revelava que o marido participava de rituais de magia na residência oficial do casal, a Casa da Dinda, localizada em bairro nobre de Brasília.

Casa da Dinda

Mansão da família Collor no Lago Norte, bairro nobre de Brasília, a Casa da Dinda esteve no centro de uma série de escândalos envolvendo o ex-presidente. No ano do impeachment, em 1992, todos os olhos do país se voltaram para um suposto superfaturamento de uma reforma nos jardins do imóvel, orçada em US$ 2,5 milhões, que teria sido bancada com dinheiro de contas fantasmas administradas por PC Farias.

Em 2014, a Polícia Federal apreendeu três carros de luxo na casa do ex-presidente, em um desdobramento da Operação Lava-Jato. Foram levados uma Ferrari vermelha, avaliada em R$ 1,95 milhão à época, um Porsche preto, avaliado em R$ 999 mil em 2015, e uma Lamborghini prata, avaliada em cerca de R$ 3,9 milhões.

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