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David Uip diz que não aceitará acordo com gerente que vazou receita de cloroquina

O processo sobre o vazamento da receita médica do infectologista David Uip ainda não tem previsão para chegar ao fim

David Uip foi coordenador do Centro de Contingência para o novo coronavírus no Estado de São Paulo (Governo do Estado de São Paulo/Fotos Públicas)

David Uip foi coordenador do Centro de Contingência para o novo coronavírus no Estado de São Paulo (Governo do Estado de São Paulo/Fotos Públicas)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de março de 2021 às 12h31.

O processo aberto na esteira do vazamento da receita médica do infectologista David Uip, ex-coordenador do Centro de Contingência para o novo coronavírus no Estado de São Paulo, ainda não tem previsão para chegar ao fim. A celebração de um acordo com o farmacêutico suspeito de divulgar a prescrição, que poderia encerrar a ação, não está nos planos do médico, segundo informou a defesa nesta segunda-feira, 1º.

O advogado Luiz Flávio Borges D'Urso, que defende David Uip no caso, comunicou ao juízo e ao Ministério Público de São Paulo que não pretende aceitar qualquer proposta de conciliação na audiência preliminar marcada para a próxima semana, 'independente dos termos apresentados'.

A justificativa é a de que o médico e a família dele foram alvo de 'incontáveis manifestações de ódio' e de ameaças após o vazamento da receita. Na época, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a sugerir que Uip escondia o uso do medicamento por 'questões políticas', já que 'pertence à equipe do governador de São Paulo'.

"O Prof. David Uip suportou enorme sofrimento, quando foi alvo de incontáveis manifestações de ódio, tanto pessoalmente como pela internet, além de seus familiares, esposa, filhas e filhos, que passaram a ser alvo, inclusive, de ameaças, tudo por causa do crime praticado pelo acusado, quando "vazou", em grupos de WhatsApp, a receita da vítima, na qual esta se autoprescrevia o medicamento cloroquina para ser adquirido e eventualmente ministrado", informou a defesa.

Com a recusa, o processo deve entrar na etapa de transação penal. Nesta fase, o Ministério Público decide se apresenta ou não uma pena criminal.

O inquérito para apurar o caso foi aberto em abril do ano passado e a Promotoria apontou que houve crime de violação do segredo profissional pelo gerente. O vazamento foi percebido quando passaram a circular, nas redes sociais, imagens da receita médica em que o infectologista, que estava com covid-19, prescreveu cloroquina a si próprio. A investigação indicou que o gerente da farmácia que vendeu o medicamento teria vazado a foto em grupo WhatsApp. Embora tenha deixado a coordenação do Centro de Contingenciamento de São Paulo, David Uip continua trabalhando no comitê do governo paulista.

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