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Datafolha traz números ruins e boas notícias para Dilma

Presidente repentinamente enfrenta uma estrada mais difícil de reeleição, mas também viu forte recuperação nos índices de aprovação de governo e apoio


	Dilma: há vários sinais fortes em favor de Dilma na pesquisa Datafolha mais recente
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Dilma: há vários sinais fortes em favor de Dilma na pesquisa Datafolha mais recente (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 18 de agosto de 2014 às 14h43.

São Paulo - Apesar de uma nova pesquisa eleitoral mostrar que a presidente Dilma Rousseff (PT) repentinamente enfrenta uma estrada mais difícil de reeleição, ela também viu uma forte recuperação nos índices de aprovação de seu governo e apoio resiliente de eleitores no que deverá ser provavelmente o período mais emocional e volátil da campanha.

A sondagem Datafolha, a primeira desde a trágica morte do presidenciável Eduardo Campos (PSB) em um acidente de avião na semana passada, foi divulgada na madrugada desta segunda-feira e mostra um empate técnico no caso de um segundo turno entre Dilma e a provável substituta de Campos, a ex-senadora e ambientalista Marina Silva.

Embora com cautela, os mercados financeiros no Brasil reagiram bem após a pesquisa aparentemente excluir qualquer chance de que Dilma possa evitar um segundo turno e vencer a eleição em 5 de outubro.

Muitos investidores não gostam de Dilma e o mercado acionário local subiu nos últimos meses toda a vez que surgiu um novo sinal de que ela pode não ser reeleita.

No entanto, há vários sinais fortes em favor de Dilma na pesquisa Datafolha mais recente, e a moeda brasileira e a Bovespa reduziam o ímpeto inicial desta sessão, com investidores olhando mais atentamente para os números do levantamento.

O percentual de eleitores que dizem que o governo Dilma é "bom" ou "ótimo" subiu seis pontos em relação à pesquisa anterior do Datafolha em julho, para 38 por cento agora. Quem disse que o atual governo é "ruim" ou "péssimo" diminuiu seis pontos, para 23 por cento, enquanto aqueles classificando-o como "regular" continuaram em 38 por cento.

"Pelo lado da Dilma, é óbvio ser ruim o fato de ter aumentado a chance de segundo turno. Mas a pesquisa mostra que, por incrível que pareça, a aprovação dela cresceu bem. E acreditamos que essa variável é ainda mais importante do que a intenção de voto nesse estágio da campanha", disse à Reuters o diretor para a América Latina da consultoria de risco político Eurasia Group, João Augusto de Castro Neves.

"Depois de vários meses de noticiário negativo para ela, o fato de a popularidade ter aumentado é uma luz no fim do túnel. Foi uma boa notícia para ela", acrescentou.

Os índices de aprovação do governo Dilma melhoraram durante um período em que a inflação caiu abruptamente.

Seu mandato tem sido marcado por um crescimento econômico fraco e os preços subindo em cerca de 6 por cento ao ano, perto do teto de tolerância da meta do governo, que é de 4,5 por cento com margem de dois pontos para mais ou para menos.

Os oponentes de Dilma têm consistentemente batido na tecla da inflação, mas em julho o IPCA surpreendeu e desacelerou para o menor patamar em quatro anos, com alta de 0,01 por cento no mês. Contribuíram o alívio nos preços de hotéis e passagens aéreas com o fim da Copa do Mundo e a queda nos preços dos alimentos.

O Datafolha começou a fazer sua pesquisa mais recente na última quinta-feira, um dia após a morte de Campos.

Desde então, a imprensa local tem feito uma cobertura extensiva do acidente de Campos, ex-governador de Pernambuco que era bem visto por empresários e que aparecia em terceiro lugar na corrida presidencial, com cerca de 8 por cento das intenções de voto. O socialista era amplamente visto como um dos mais brilhantes jovens políticos do Brasil e, provavelmente, habilitado a montar uma campanha forte para presidente em 2018.

Marina, que era vice na chapa encabeçada por Campos, é muito mais conhecida nacionalmente, graças ao seu perfil como uma ativista ambiental e um forte terceiro lugar como candidata presidencial na última eleição em 2010, quando ela obteve perto de 20 milhões de votos, ou quase 20 por cento dos votos válidos. MARINA PODE SUSTENTAR A FORÇA? Alguns analistas já esperavam uma aparição forte de Marina nesta pesquisa Datafolha, diante da emoção com a morte Campos.

A ex-senadora aparece na sondagem com 21 por cento dos votos, um ponto à frente do outro principal candidato da oposição, o senador Aécio Neves (PSDB), mas atrás de Dilma, com 36 por cento.

Surpreendentemente, Marina não tirou votos de Dilma nem de Aécio, que apareceram com os mesmos percentuais da pesquisa anterior feita pelo Datafolha.

Isso significa que o crescimento de Marina de 13 pontos percentuais em relação a Campos veio de eleitores que anteriormente tinham dito que estavam indecisos ou votariam em branco ou nulo.

Em um segundo turno, que para analistas agora parece praticamente certo, o Datafolha mostrou Marina com uma vantagem de 47 por cento sobre 43 por cento de Dilma, um empate técnico no limite da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos para mais ou para menos.

Alguns analistas questionam se Marina será capaz de crescer muito nas pesquisas, considerando a relativamente fraca presença de sua coligação em âmbito nacional, fundos de campanha mais modestos e tempo menor para propaganda obrigatória na TV e no rádio, bem como por sua reputação passada de ser uma política de decisões imprevisíveis.

Alguns membros do PSB de Campos também duvidam do compromisso de Marina com a plataforma do partido, o que poderia provocar algumas tensões durante a campanha. A ex-senadora, que concorreu à Presidência como candidata do PV em 2010, tem procurado minimizar essas preocupações.

Marina tentou fundar um novo partido no ano passado chamado Rede Sustentabilidade, mas não conseguiu registrar assinaturas suficientes a tempo para a eleição de 2014. Ela surpreendeu o mundo político brasileiro com a decisão de apoiar Campos, cuja plataforma do partido diferia muito do dela.

Aécio e o PSDB têm uma base nacional muito mais forte do que a coligação apoiando a candidatura de Marina. Mas a pesquisa divulgada nesta segunda-feira mostrou o apoio ao tucano diminuindo no caso de um segundo turno contra Dilma, quebrando uma sequência de pelo menos quatro sondagens em que ele reduzia a distância para a presidente.

Em um segundo turno entre Dilma e Aécio, a petista aparece com 47 por cento contra 39 por cento do tucano. O Datafolha ouviu 2.843 eleitores em 176 municípios em 14 e 15 de agosto.

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