Brasil

Dallagnol ressalta avanço da Operação Lava Jato em outros países

O Procurador enfatizou o caráter internacional do esquema criminoso no dia em que a Lava Jato completa três anos desde que foi deflagrada, em 2014

Dallagnol: a operação terá um fim natural quando a força-tarefa tiver exaurido as possibilidades de investigação sobre os crimes cometidos na Petrobras (Ueslei Marcelino/REUTERS/Reuters)

Dallagnol: a operação terá um fim natural quando a força-tarefa tiver exaurido as possibilidades de investigação sobre os crimes cometidos na Petrobras (Ueslei Marcelino/REUTERS/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 17 de março de 2017 às 17h23.

Última atualização em 17 de março de 2017 às 17h26.

O coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) na Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, ressaltou o caráter internacional do esquema criminoso investigado na Petrobras.

O grupo de procuradores fez hoje (17) um balanço da operação, no dia em que a Lava Jato completa três anos desde que foi deflagrada, em 2014.

Dallagnol disse que as informações obtidas por meio das colaborações premiadas celebradas entre os delatores e o MPF estão sendo lançadas como sementes.

"Sementes em diversos lugares do Brasil, onde se desenvolverão novas investigações, e sementes no exterior, onde já estão sendo desenvolvidas várias investigações", afirmou o procurador.

Como exemplo, o coordenador da força-tarefa citou as delações dos executivos do Grupo Odebrecht: "Para se ter uma ideia do quão internacional é esse esquema, [ele] corrompeu em 12 diferentes países e lavou dinheiro em outros 10".

O chefe da força-tarefa defendeu, ainda, uma restrição ao foro privilegiado, ou seja, ao número de agentes públicos que têm direito a julgamento especial em decorrência das funções que ocupam.

"Nós temos no Brasil um foro que alcança mais de 40 mil autoridades, o que é sem paralelo no mundo, quebrando a própria ideia de igualdade e de República", afirmou o procurador.

Segundo Dallagnol, a operação terá um fim natural quando a força-tarefa tiver exaurido as possibilidades de investigação sobre os crimes cometidos na Petrobras.

Para ele, no entanto, a punição dos agentes criminosos não é suficiente para finalizar o caso.

"O fim [que o Brasil precisa] será o momento em que forem aprovadas reformas que mudem os incentivos que existem hoje no sistema político e que fechem as brechas da lei por onde escoam os recursos públicos e por onde os criminosos escapam, mudando o sistema de Justiça criminal para que a punição das pessoas que praticam crimes seja a regra, e não a exceção", ressaltou.

Reação

Outro integrante da força-tarefa da Lava Jato no MPF, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, disse que há um movimento de reação por parte daqueles que estão sendo revelados pela operação.

"Temos boa parte do Executivo e do Legislativo contra as investigações. Temos órgãos que, em vez de nos apoiarem nos acordos de leniência, tentam impedir que essas empresas venham ao Ministério Público e fale o que elas cometeram de errado", destacou.

Santos Lima lembrou que, ao final do ano passado, o Congresso Nacional tentou aprovar projetos de anistia a políticos e de responsabilização a procuradores.

"Nós temos inúmeras medidas no Congresso Nacional tentando restringir, e não alavancar, as investigações criminais. Basta uma noite no Congresso e toda a investigação pode cair por terra", afirmou o integrante da força-tarefa.

 

Acompanhe tudo sobre:Operação Lava JatoPetrobras

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas