Brasil

Custos do Brasil com violência alcançam 8% do PIB

O país ocupa a quinta posição no ranking dos que mais gastam com a violência, atrás de Estados Unidos, China, Rússia e Índia


	Diferentemente do Oriente Médio, onde os maiores gastos estão associados a conflitos armados e à disputa por territórios, no Brasil os homicídios correspondem à 50% do total dos custos com violência
 (Stock.Xchange)

Diferentemente do Oriente Médio, onde os maiores gastos estão associados a conflitos armados e à disputa por territórios, no Brasil os homicídios correspondem à 50% do total dos custos com violência (Stock.Xchange)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2015 às 15h49.

São Paulo - Os custos do Brasil com a violência somaram US$ 255 bilhões em 2014, o equivalente a 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, estima relatório publicado nesta quarta-feira pelo Institute For Economics and Peace (IEP), um instituto de pesquisa australiano que estuda o impacto econômico da violência ao redor do mundo desde 2008.

Em comparação com os outros 161 países compilados pela organização, o Brasil ocupa a quinta posição no ranking dos que mais gastam com a violência, atrás de Estados Unidos, China, Rússia e Índia.

No entanto, quando a comparação é feita a partir da relação com o PIB, o Brasil cai para a 47ª posição, com a liderança ocupada pela Síria, onde as despesas alcançam 42% do PIB. Iraque e Afeganistão estão em segundo e em terceiro lugar, respectivamente, com 31% e 30% do PIB.

O levantamento inclui despesas militares (manutenção do Exército, guerras contra outros países), crimes (homicídios, violência sexual, etc), conflitos (terrorismo, guerras civis, etc) e segurança interna (polícia, serviços de segurança privada, etc).

Diferentemente do que ocorre em países do Oriente Médio, onde os maiores gastos estão associados a conflitos armados e à disputa por territórios, o Brasil encontra nos homicídios a sua maior parcela de custos com violência, com 50% do total, o mesmo patamar do México.

Em relação a 2008, as despesas brasileiras com homicídios cresceram 21% no ano passado, aponta o documento. O relatório atribui o aumento à estagnação econômica do País (crescimento de 0,1% em 2014) e a altos níveis de inflação dos preços ao consumidor (6,41% em 2014), fatores que elevam o descontentamento social e, consequentemente, estimulam a violência.

13,4% do PIB global

Em todos os 162 países analisados, que correspondem a 99,6% da população mundial, os custos com a violência somam US$ 7,16 trilhões. Quando se leva em consideração os custos indiretos, como a perda de oportunidade de investir em outros setores da economia, o montante salta para US$ 14,3 trilhões, ou cerca de 13,4% do PIB global.

Essa medida mais abrangente, chamada pelo instituto de impacto econômico da violência, equivale à soma das economias de Brasil, Canadá, França, Alemanha e Espanha, e está 15,3% maior que o valor observado em 2008, de US$ 12,4 trilhões.

No cálculo global, os gastos com violência se concentram em despesas militares, com 43% do total, ou US$ 3,09 trilhões, seguido de 28% para crimes, 18% para segurança interna e 11% para conflitos. Os Estados Unidos são os que mais contribuem para as despesas militares, com US$ 1,3 trilhão, seguido pela China, com US$ 370 bilhões.

No que se refere aos recursos que poderiam ser investidos em outros setores, o relatório faz um exercício de imaginação. Se os custos com a violência no mundo fossem reduzidos em apenas 10%, seria possível economizar US$ 1,43 trilhão, montante 10 vezes superior ao volume de assistência que os países mais ricos oferecem aos mais pobres.

Acompanhe tudo sobre:11-de-SetembroAtaques terroristasIndicadores econômicosListasPIBRankingsTerrorismoViolência urbana

Mais de Brasil

O que acontece agora após indiciamento de Bolsonaro e os outros 36 por tentativa de golpe de Estado?

Inmet prevê chuvas intensas em 12 estados e emite alerta amerelo para "perigo potencial" nesta sexta

'Tentativa de qualquer atentado contra Estado de Direito já é crime consumado', diz Gilmar Mendes

Entenda o que é indiciamento, como o feito contra Bolsonaro e aliados