Eduardo Cunha: o presidente da Câmara disse que as crises política e econômica enfrentadas pelo Brasil são "irmãs siamesas", mas que a prioridade é debelar os entraves políticos (Antônio Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 18 de agosto de 2015 às 17h50.
Brasília - Em palestra para empresários da região Centro Oeste nesta terça-feira, 18, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticou o ajuste fiscal promovido pelo governo federal, classificando-o como "pífio".
Cunha disse que o País vive uma "crise de confiança" e, sem citar nominalmente a presidente Dilma Rousseff, parodiou a declaração da petista sobre dobrar metas não estabelecidas.
Cunha disse que as crises política e econômica enfrentadas pelo Brasil são "irmãs siamesas", mas que a prioridade é debelar os entraves políticos.
"É preciso que a gente saiba enfrentar as duas separadamente, mas a prioridade é sempre resolver a crise política porque ela te proporciona as condições políticas para enfrentar a crise econômica. A crise política permite a imagem da segurança para aqueles que querem enfrentar a crise econômica", disse Cunha em palestra na terceira edição do evento "Visão Capital", promovido pelo "Jornal de Brasília".
Cunha afirmou que o País vive uma "crise de confiança" e que o ajuste fiscal promovido pelo governo é "pífio". "Muito do que a gente vive da crise econômica de hoje não (é) só por modelos equivocados que possam ter sido implantados no passado na administração da economia, mas é também pela perda da confiança que a sociedade tem no comando da economia", afirmou.
"Vivemos, mais que a crise econômica, a crise de confiança. O ajuste fiscal, em si, é pífio e ele não tem nem relevância numérica no problema da falta de superávit. Ele é muito mais simbólico, com o objetivo de mostrar que se tem controle sobre as contas públicas e, consequentemente, você gerar perante os investidores a segurança de que o dinheiro vai ser aplicado num País que vai dar certo", disse Cunha, acrescentando que "a confiança tem que ser restabelecida".
"Deixamos de ser a bola da vez aos olhos da comunidade internacional. Precisamos voltar a ser a bola da vez", disse o peemedebista.
Reforma tributária
Aos empresários, Eduardo Cunha falou da discussão que corre na Câmara sobre reforma tributária. Ele se posicionou contra o aumento da carga tributária, solução, segundo o peemedebista, "longe de ser inteligente".
Ao prometer colocar em votação o texto que sair da comissão que discute o tema na Casa entre setembro e outubro, concluindo-a até o final do ano, Eduardo Cunha parodiou uma declaração de Dilma Rousseff feita em julho deste ano, quando ela tentava explicar a meta estabelecida para o Pronatec.
"Como diria..., primeiro a gente atinge a meta. Depois a gente dobra a meta. (risos) Vamos tentar atingir a meta e, depois, se possível, a gente dobra. Vamos chegar e atingir esse objetivo e, atingido esse objetivo, a gente espera poder tratar de coisas que tenham a ver com o Centro Oeste, ver o que é possível dentro do nosso País atingir", afirmou Cunha, sem mencionar o nome de Dilma, arrancando risos contidos da plateia.
A frase utilizada por adversários para ironizar a presidente ganhou grande repercussão nas redes sociais: "Não vamos colocar meta. Vamos deixar a meta aberta, mas, quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta", disse Dilma sobre o Pronatec Aprendiz em 28 de julho.
Questionado por um dos empresários sobre o "clima político" para que a presidente Dilma conclua seu mandato, Cunha se esquivou. "Prefiro não entrar neste tipo de debate.
Seria alimentar um tipo de debate que não cabe a mim. Prefiro não responder. O dia a dia vai acabar respondendo", afirmou.