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Cunha negou à PF ter sido procurado para fazer delação

O ex-presidente da Câmara prestou depoimento de 2 horas, em inquérito que investiga Temer por corrupção, obstrução da Justiça e organização criminosa

Cunha: a possibilidade de uma delação apavora o Planalto e a cúpula do PMDB (Rodolfo Buhrer/Reuters)

Cunha: a possibilidade de uma delação apavora o Planalto e a cúpula do PMDB (Rodolfo Buhrer/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de junho de 2017 às 16h05.

O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou que nunca foi procurado para fazer acordo de delação premiada, em seu depoimento à Polícia Federal, nesta quarta-feira, 14, em Curitiba - onde está preso desde outubro de 2016, alvo da Operação Lava Jato.

Cunha prestou depoimento de quase duas horas, na sede da PF em Curitiba, no inquérito que investiga o presidente Michel Temer por corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa.

A possibilidade de uma delação apavora o Planalto e a cúpula do PMDB. Homem forte do partido na Câmara, o ex-deputado foi o principal artífice do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e um dos pivôs da delação dos donos da J&F.

As revelações dos delatores resultaram na Operação Patmos, desdobramento da Lava Jato, deflagrada no dia 18 de maio, que encurralou Temer e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG).

Cunha teria recebido propinas do Grupo J&F em troca de se manter calado nas investigações da Operação Lava Jato. O assunto foi um dos assunto levados ao Temer, por Joesley Batista, em conversa gravada no porão do Palácio do Jaburu, no dia 7 de março.

Negativa

Cunha negou genericamente envolvimento com propinas e a venda de seu silêncio. Declarou que gostaria de falar após acesso aos autos, tema de um pedido feito ontem pela defesa ao Supremo Tribunal Federal (STF).

"Meu silêncio não está à venda", disse Cunha, segundo o advogado Rodrigo Sanchez Rios, que acompanhou o depoimento, tomado pelo delegado Maurício Moscardi Grillo.

De acordo com Rios, Cunha negou "categoricamente" todas acusações de pagamento de propina feitas pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS.

Em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), Joesley disse que pagava uma mesada a Cunha e ao operador Lucio Funaro em troca do silêncio dos dois. Disse ainda que Temer sabia da mesada.

Em gravação anexada ao inquérito, Joesley diz ao presidente que "eu tô bem com o Eduardo", ao que Temer responde "tem que manter isso, viu".

"O deputado ressaltou que nunca procuraram ele. Nem o presidente Temer nem interlocutores do presidente. Ele negou categoricamente. Respondeu de forma geral", disse o advogado.

As perguntas feitas foram enviadas pela equipe da PF da Lava Jato em Brasília. Foram 47 perguntas, lidas para Cunha, mesmo sem respostas efetivas para a maior parte dos assuntos.

O ex-deputado, preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, retornou no início da tarde para o presídio.

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