Eduardo Cunha: Cunha foi um dos 47 políticos citados pelo procurador-geral da República para abertura de investigação no escândalo de corrupção da Petrobras (J.Batista / Câmara dos Deputados/Fotos Públicas)
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2015 às 17h32.
Rio de Janeiro - Em meio à tensão nas relações entre governo e Congresso, o presidente da Câmara do Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), garantiu nesta segunda-feira que a Casa vai agir com responsabilidade na votação de medidas de ajuste fiscal para garantir a credibilidade do país, mas disse que dificilmente o PMDB manterá a aliança com o PT nas eleições de 2018.
Cunha foi um dos 47 políticos citados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para abertura de investigação no escândalo de corrupção da Petrobras.
Apesar de chamar a denúncia de “erro e um grande piada”, o presidente da Câmara prometeu não transformar o caso numa queda de braço com o governo a ponto de prejudicar a já instável economia brasileira.
A estabilidade econômica, disse Cunha, é fundamental para a tentativa de retomada de crescimento do país a partir de 2016 e para a atração de novos investimentos.
O governo está com dificuldades em aprovar no Congresso medidas de ajuste fiscal. Na semana passada, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), devolveu uma medida provisória editada dias antes pelo governo e que previa redução das desonerações tributárias para vários setores da economia.
“Temos que evitar que isso (a crise política) contamine a economia. Temos que evitar que o Brasil perca os investimentos, o grau de investimento, a confiança dos investidores, que a crise política não seja um fato para afugentar investidores", disse ele a jornalistas na sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro.
"Precisamos ter consciência do papel que temos que desempenhar para dar um sinal de tranquilidade para os investidores e para o mercado. Se não fizermos isso, nós vamos estar aprofundando a crise econômica."
Apesar de ser da base aliada do governo, Cunha tem uma relação conflituosa com o Palácio do Planalto e a lista de Janot estremeceu ainda mais a relação entre os poderes.
Para ele, o governo está querendo dividir sua crise com o Congresso. "Há uma tentativa de dividir o ônus em uma crise que está instalada dentro do Poder Executivo. A corrupção é da Petrobras é do governo", declarou.
Aliança 2018: "pouco provável"
O presidente da Câmara admitiu que atualmente há mais divergências do que convergências entre PT e PMDB.
“Dificilmente o PMDB vai marchar no processo depois de 2018 na mesma aliança que está hoje. Acho muito pouco provável”, afirmou ele.
Cunha destacou que a manutenção da aliança com o PT em 2018 se torna pouco provável devido a vários fatores como a diferença ideológica, pela relação tumultuada e mais um “rosário de diferenças”.
“A coalização não é feita por iguais, mas se as diferenças são tão maiores que as convergências, dificilmente são as diferenças que vão preponderar", declarou Cunha, acrescentando que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, é “um bom nome” para ser o eventual candidato do partido em 2018.
O presidente da Câmara também comentou as vaias e panelaço durante o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff registrados em algumas capitais no domingo e disse não acreditar que o ato tenha sido orquestrado pela oposição.
“Se tivesse orquestração a gente veria nas redes sociais e vocês da imprensa iriam denunciar. Ontem me pareceu algo mais espontâneo", disse Cunha.
Partidos de oposição e entidades civis programam para o próximo domingo uma manifestação em todo o Brasil contra o governo Dilma e o escândalo de corrupção na Petrobras. A resposta do governo será uma passeata dois dias antes, em defesa do governo e da estatal.
“É claro que há insatisfações. Desde que as manifestações sejam pacíficas e que não se busque ruptura como golpe ou impeachment, acho perfeitamente normal", afirmou Cunha.