O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de agosto de 2015 às 17h42.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticou nesta terça-feira a estratégia do governo da presidente Dilma Rousseff de concentrar no Senado os esforços de reconstrução de sua base de apoio e disse que, caso os senadores já tivessem concluído a votação das medidas de ajuste fiscal, o país estaria em melhor condição.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), entregou ao governo na véspera um conjunto de propostas que chamou de "agenda para o país".
A entrega das propostas, elogiadas por Dilma, aconteceu depois de encontro de Renan em sua residência oficial com os ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento).
“É uma tentativa de dizer que só existe o Senado e que está tudo bem. Mas isso não vai constranger a Câmara”, disse Cunha, de acordo com a Agência Câmara, acrescentando que não adianta apresentar boas propostas em um ambiente ruim.
“E o que faz o ambiente ruim é a perda de confiança... O governo tem que fazer sua parte, que é recompor sua base e cortar gastos.”
Cunha rompeu com o Executivo e foi para a oposição depois que um delator da operação Lava Jato, que investiga um bilionário esquema de corrupção na Petrobras, o acusou de ter pedido pessoalmente o pagamento de propina.
Após sofrer derrotas na Câmara logo na volta do recesso branco dos parlamentares, na semana passada, o governo decidiu concentrar seus esforços de articulação no Senado. Segundo um senador governista, porque a situação na Câmara é "inadministrável".
A ideia do Planalto é garantir que o Senado segure as "pautas-bomba", aquelas que têm impacto nas contas públicas, vindas da Câmara.
Cunha, no entanto, lembrou que os senadores não concluíram a votação das medidas de ajuste fiscal enviadas pelo governo ao Congresso.
“Se o Senado tivesse aprovado todo o ajuste, o país estaria numa situação melhor”, disparou Cunha.
Falta ainda os senadores analisarem o projeto que reverte parte da política de desonerações da folha de pagamento, já aprovado na Câmara e enviado inicialmente ao Legislativo como medida provisória.
A MP, entretanto, foi devolvida ao Planalto por Renan, o que obrigou o governo a reenviar a proposta como projeto de lei.
Ao contrário dos projetos de lei, as medidas provisórias têm prazo de 60 dias prorrogáveis apenas uma vez por outros 60 para serem votadas pelas duas Casas do Congresso Nacional.