O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ): as ações devem resultar na dissolução do bloco parlamentar que o partido mantém com PP, PTB, PSC, PHS e PEN, o maior grupo da Câmara (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de outubro de 2015 às 08h57.
Brasília - A aproximação do líder do PMDB da Câmara, Leonardo Picciani (RJ), com o Palácio do Planalto durante as negociações para a reforma ministerial deve resultar na dissolução do bloco parlamentar que o partido mantém com PP, PTB, PSC, PHS e PEN.
É o maior grupo da Câmara, com 149 deputados, costurado no início do ano para eleger Eduardo Cunha presidente da Câmara.
Segundo integrantes do governo, a ação para encerrar a aliança tem sido operada nos bastidores por Cunha, como forma de "estancar" a ascensão política de Picciani ocorrida após a ampliação da presença do PMDB no ministério.
Para os governistas, a manobra busca inicialmente rachar o bloco para depois dividir a bancada do PMDB, o que resultaria no enfraquecimento de Picciani. Dessa forma, o líder peemedebista também ficaria inviabilizado para disputar a Presidência da Câmara.
Em conversas reservadas realizadas na terça-feira, 6, líderes dos partidos integrantes do bloco discutiram a possibilidade de formar um novo grupo sem o PMDB. Segundo um dos envolvidos, a decisão deverá ocorrer "em breve".
"O esvaziamento da liderança do Picciani é um recado ao Palácio de que ninguém quer ser liderado por um líder da Dilma", afirmou um parlamentar envolvido nas conversas.
Rejeição
Nas discussões em torno da reforma ministerial, 22 dos 66 deputados do PMDB já haviam rejeitado a ampliação dos espaços do partido no governo.
A composição atual do bloco dá ao grupo a prerrogativa de indicar parlamentares para ocupar postos estratégicos na Câmara, além de ter prioridade na relatoria dos principais projetos em tramitação.
De acordo com as conversas iniciais, o PMDB formaria um bloco apenas com o PEN, que tem dois deputados. As demais legendas passariam a ter um novo bloco.
"Estamos conversando. Temos que ter um entendimento de que o que é bom para um deve ser bom para todos. Estamos no meio de uma DR (discussão de relacionamento)", afirmou ao Estado o líder do PTB, Jovair Arantes (GO).
Destituído
A manobra do Planalto com a reforma administrativa teve o objetivo de evitar o andamento de um processo de impeachment contra Dilma na Câmara. Desde que foi contemplado com indicações no novo ministérios, Picciani tem dado declarações favoráveis ao governo, o que também teria deixado o grupo de deputados "pró-impeachment" contrariados.
Além da dissolução do bloco, em uma segunda ação direta contra Picciani, alguns integrantes da bancada ligados a Cunha também chegaram a ensaiar ontem uma manobra para destitui-lo do cargo, ação que foi abafada após o avanço da estratégia de dividir o bloco.
Procurado pela reportagem, Cunha se limitou a dizer que atuou para ajudar na permanência de Picciani na liderança.