Movimentação na praia do Leme em meio à pandemia do Coronavírus no fim de julho: há um mês, o prefeito chegou a dizer que só iria liberar o acesso às praias quando tivesse uma vacina (Ricardo Cassiano/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
Agência O Globo
Publicado em 10 de agosto de 2020 às 16h07.
Última atualização em 10 de agosto de 2020 às 16h14.
Cerca de dez dias após liberar o banho de mar no Rio, mas mantendo vetada a ocupação das areias, o prefeito Marcelo Crivella promete novidades para os banhistas nos próximos dias. A liberação de permanência nas praias, ainda sem data, deve acontecer por meio de demarcação da areia e reserva via aplicativo de celular. Crivella afirmou ainda que os detalhes sobre como funcionará o escalonamento serão divulgados ainda esta semana.
A nova ação foi anunciada nesta segunda-feira, dia 10, durante a cerimônia de apresentação da equipe médica que será enviada a Beirute, capital do Líbano, onde pelo menos 158 pessoas morreram e 300 mil ficaram desabrigadas depois de uma explosão no porto.
"As pessoas vão poder ocupar essas demarcações pelo horário que chegarem e também reservando no aplicativo. A ideia é que assim a gente consiga organizar melhor o que hoje não está bom", explicou o prefeito.
Em relação aos flagrantes de aglomeração nas praias da cidade, Crivella pediu para que as pessoas evitem ficar próximas quando forem tomar banho de mar.
"Essa semana nós vamos fazer a organização das praias para que as pessoas mantenham o afastamento na areia, e o que a gente pode fazer é o apelo que sempre fazemos. Não podemos aglomerar. Peço que quem está indo a praia para tomar banho que não aglomere nas areias", afirmou.
No dia 31 de julho, Crivella anunciou a entrada da cidade na quinta e penúltima fase da flexibilização das medidas de isolamento social, e antecipou a liberação do banho de mar nas praias. No entanto, ainda não tinha permitido a permanência na areia da orla.
Apesar de a curtição na areia estar proibida, porém, o município também anunciou a volta dos ambulantes de praia: que podem vender seus produtos — que não podem ser bebidas alcoolicas e alimentos não industrializados — entre 7h da manhã e 18h.
Há um mês, o prefeito chegou a dizer que só iria liberar o acesso às praias quando tivesse uma vacina. Mas ele mudou de ideia.
"A tendência é manter a proibição até que tenhamos uma vacina. A vacina está sendo testada e pode ser produzida na Fiocruz. Se a gente libera a praia e faz sol no fim de semana, a areia pode ficar lotada do Leme ao Pontal. Os índices de contaminação estão caindo. Não podemos pôr isso em risco. A medida valerá também para outros locais sem máscara", disse o prefeito.
Neste fim de semana, os cariocas aproveitaram os dias de sol para curtir as praias da Zona Sul. No domingo, apesar de mais vazias do que no sábado, as areias e os calçadões foram novamente palco de irregularidades, uma vez que a falta de fiscalização deixou banhistas e vendedores à vontade para desrespeitar as regras sanitárias estabelecidas pela prefeitura. As praias do Leme e do Arpoador eram onde se concentravam maior número de banhistas.
Apesar de permitidas somente nos dias de semana, muitos praticavam esportes coletivos, como vôlei, futevôlei e altinha sem serem incomodados. Outras pessoas estenderam suas cangas na areia — o que também ainda não está permitido — em meio a ambulantes vendendo bebidas alcoólicas e alimentos como camarão, milho e queijo coalho, quando somente produtos industrializados estão autorizados a serem comercializados.
Pessoas sem máscara ou a utilizando de forma inapropriada eram praticamente unanimidade nas faixas de areia do Leme até Ipanema, cena que se repetiu no calçadão.
Os quiosques situados atrás da mureta não respeitavam o distanciamento social, permitindo que mesas de diferentes clientes ficassem próximas umas das outras.
A venda de drinks e cervejas, o que também ainda não foi liberado pela prefeitura, ocorria normalmente nas praias do Leme, Arpoador e Ipanema. Em Copacabana, as mesmas irregularidades aconteciam de forma menos frequente. Em Ipanema, na altura do posto 9, amigos jogavam futevolêi. Eles alegaram que não sabiam que a atividade estava permitida apenas nos dias de semana.
A menos de dois quilômetros dali, o Arpoador foi outro ponto de grande aglomeração. Lá, amigos jogavam altinha e tomavam banho de sol em suas cangas.
Nos pontos mais cheios, como o Arpoador e o Leme, O GLOBO não encontrou nenhum agente da Guarda Municipal circulando. Apenas as viaturas policiais que ficam de forma fixa nesses locais foram avistadas. O único trecho onde homens da Guarda foram encontrados foi na altura do posto 5 de Copacabana, que estava relativamente vazio.
Por nota, a prefeitura afirmou que "a Guarda Municipal mantém as ações de patrulhamento e de fiscalização das infrações sanitárias em toda a cidade, incluindo as praias que contam nos finais de semana com 81 agentes na orla das zonas Sul e Oeste", mas que o balanço de multas e infrações deste fim de semana será consolidado somente nesta segunda-feira.
Diz ainda que, "em dois meses, entre os dias 5 de junho e 6 de agosto, foram registradas 4.251 multas sanitárias, sendo 1.350 autuações aplicadas pelo Grupamento Especial de Praia e Marítimo da Zona Sul, que atua no patrulhamento da faixa de areia".
"Do total de infrações sanitárias, 3.331 foram pela falta do uso de máscaras e 201 por aglomeração em estabelecimentos e em via pública. Os agentes também orientam a população sobre as regras de ouro, coibem jogos, distribuem máscaras de proteção à população e já retiraram centenas de pessoas das praias durante a operação Blitz da Vida" conclui a nota.