(Michel Jesus/Agência Câmara)
Agência O Globo
Publicado em 15 de dezembro de 2022 às 10h52.
Líder do União Brasil na Câmara e atual relator da PEC de Transição na Casa, o deputado Elmar Nascimento (BA) enfrenta oposição petista ao seu nome, cotado para ser o indicado do partido a assumir o Ministério de Minas e Energia no futuro governo. Ainda não há acordo fechado sobre que pasta caberá ao União Brasil se o partido aderir à base de Lula. Um dos desenhos do futuro governo também contempla oferecer Minas e Energia ao MDB, que prefere outros cargos.
Um histórico de críticas, inclusive recentes, feitas por Nascimento ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e a outros petistas, como a ex-presidente Dilma Rousseff e o senador Jaques Wagner, criou uma resistência unânime da bancada baiana do PT no Congresso, assim como na de siglas aliadas, a exemplo do PSD.
Às vésperas do segundo turno, Nascimento chamou Lula de “condenado” e “ex-presidiário” num comício em Campo Formoso, seu domicilio eleitoral:
— Será que é essa a turma que a gente quer de volta no Brasil?
O parlamentar também já associou Lula à “roubalheira que houve na Petrobras” e à “corrupção generalizada” no país, em entrevista a um jornal de seu estado. Na tribuna da Assembleia Legislativa da Bahia, chegou a dizer que o petista construiu no Brasil “a maior organização criminosa de que se tem notícia na história republicana”.
Para barrar a indicação de Nascimento à Esplanada, lideranças do PT da Bahia preparam um dossiê para ser entregue ao presidente eleito. Aliados contam que a presidente do legenda, Gleisi Hoffmann, teria assegurado que Nascimento não será nomeado.
Para além das críticas, o deputado federal Jorge Solla (PT-BA) afirma que a presença de Nascimento no Ministério não estaria alinhada aos interesses do PT.
— Não tenho dúvidas que as críticas que ele desgastam o nome, mas o mais difícil de superar é o fato de ele defender a privatização das empresas estatais do setor (de Minas e Energia), pauta que vai de encontro ao que Lula propõe.
O PSD baiano também estaria descontente com a especulação do nome de Nascimento para o cargo, sobretudo por causa do apoio que deu ao governo de Jair Bolsonaro.
Nascimento é um dos deputados mais próximos do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Na eleição de Lira para o comando da Casa, o deputado liderou o abandono da maioria da bancada do DEM, seu então partido, da candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) à presidência da Casa. Na época, Baleia era o candidato do então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, então no DEM. Sem o apoio do próprio partido, Maia foi derrotado por Lira, e a crise culminou na sua saída do partido.
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