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Crise não prejudicará combate à pobreza, diz Tereza Campello

Ela citou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que indicam que 80% das vítimas de trabalho infantil hoje têm mais de 14 anos


	A ministra Tereza Campello: a ministra participou de debate sobre trabalho infantil e escravo realizado na sede da Fecomercio, na capital paulista
 (Elza Fiúsa/ABr)

A ministra Tereza Campello: a ministra participou de debate sobre trabalho infantil e escravo realizado na sede da Fecomercio, na capital paulista (Elza Fiúsa/ABr)

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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2016 às 15h14.

A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, afirmou hoje (27) que as conquistas alcançadas no combate à pobreza não serão perdidas em razão da crise econômica.

“Esses 15 milhões de brasileiros no meio rural não vão perder a luz [elétrica] com a crise ou a cisterna, que chegou ao meio rural”, disse.

Ela destacou que os esforços levados ao campo serão mantidos, embora os agricultores possam ter a renda reduzida, com a diminuição do consumo.

A ministra participou de debate sobre trabalho infantil e escravo realizado na sede da Fecomercio, na capital paulista.

O evento, promovido pelos institutos Inpacto e Ethos, contou com a presença do indiano Kailash Satyarthi, Prêmio Nobel da Paz em 2014, promotor da Marcha contra o Trabalho Infantil, que já resgatou mais de 60 mil crianças trabalhadoras e também adultos mantidos sob regime de escravidão.

Kailash disse que o Brasil tem “ingredientes” muito importantes para a sociedade, como um Judiciário muito proativo.

“Esse país tem todos os ingredientes para que o trabalho infantil seja completamente eliminado, tem leis ótimas. O governo, nos últimos 10, 15 anos provou que, tendo uma atividade proativa com a integração e coordenação entre vairas regiões e programas, como Bolsa Família, tem aqui a proteção social necessária”, ressaltou.

Trabalho infantil

Para a ministra Tereza, o Brasil é um caso de sucesso quando o assunto é a extinção do trabalho infantil.

“O Brasil conseguiu rápido, em duas décadas, mudar o perfil do trabalho infantil”, destacou.

Ela citou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que indicam que 80% das vítimas de trabalho infantil hoje têm mais de 14 anos.

Segundo ela, as características da exploração também mudaram: se antes havia a imagem da criança escravizada em carvoarias, atualmente 69% delas está nas cidades, em comércios e pequenas indústrias.

Entre as políticas implementadas, cada região do país vem recebendo políticas diferenciadas, construídas de forma local.

Segundo a ministra, mil cidades brasileiras que registram o maior índice de trabalho infantil têm recebido audiências com o Ministério Público, de maneira a identificar soluções para extinguir o problema.

O ministro do Tribunal Superior do Trabalho Lélio Bentes citou o lucro ilícito adquirido no mundo por meio do trabalho escravo.

Segundo ele, os 21 milhões de trabalhadores em situação análoga à escravidão geraram lucro da ordem de US$ 150 bilhões ao ano. Desse total, US$ 20 bilhões decorrem do descumprimento de direitos trabalhistas.

Por isso, a Justiça trabalha para reduzir a vantagem competitiva do crime, o terceiro mais rentável, segundo a Organização das Nações Unidas.

“O Poder Judiciário tem atuado de forma significativa, sobretudo na imposição de danos morais. Tive o privilégio de ver julgada uma ação que resultou numa condenação de danos morais da ordem de US$ 5 milhões”, disse ele.

Nesse aspecto, o Nobel da Paz lembrou que o conceito das empresas precisa mudar.

“Não são simplesmente geradoras de lucros, as empresas têm o papel de trazer a melhoria para a sociedade. O lucro é uma meta bem rasa que as empresas precisam ter.”

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