PM: no Rio, as manifestações tiveram início de madrugada em quartéis da Zona Norte, do Centro e do bairro de Campo Grande (Tomaz Silva/Agência Brasil)
EFE
Publicado em 10 de fevereiro de 2017 às 19h25.
Rio de Janeiro - A crise de segurança detonada no Espírito Santo por um protesto de famílias que bloqueiam os portões dos batalhões da Polícia Militar para pedir reajuste salarial à categoria, que não pode fazer greve, e que contabiliza mais de 120 mortes ameaça se estender a outras cidades do país, como o Rio de Janeiro, onde alguns policiais permaneceram aquartelados nesta sexta-feira.
Como ocorreu no Espírito Santo, dezenas de familiares de policiais militares se manifestaram em frente aos portões de vários quartéis do Rio de Janeiro e de Belém para pedir aumento salarial e melhorias das condições de trabalho.
Os protestos refletem a gravidade da crise econômica em vários estados, que inclui o atraso do pagamento de salários de funcionários públicos e congelamento de benefícios trabalhistas nos casos mais extremos.
No Rio, as manifestações tiveram início de madrugada em quartéis da Zona Norte, do Centro e do bairro de Campo Grande, na Zona Oeste, além de localidades da Baixada Fluminense.
Ao todo, 27 batalhões registraram protestos, embora só quatro tenham sido bloqueados, e 95% do efetivo trabalha normalmente, de acordo com um relatório da Polícia Militar.
Um porta-voz da Polícia Militar admitiu nesta sexta que a categoria está "insatisfeita", mas garantiu que haverá "diálogo" com o governo para se chegar a um acordo sem a necessidade de uma paralisação.
Em uma tentativa de conter a insatisfação dos policiais, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, anunciou nesta semana um reajuste de até 10,22% para funcionários da Segurança e Educação.
Pezão, enfraquecido após o Tribunal Regional Eleitoral do estado (TRE-RJ) pedir a cassação de seu mandato por abuso de poder econômico e político, é alvo de frequentes manifestações de servidores que reivindicam o pagamento de salários atrasados.
A possibilidade de uma paralisação da PM no Rio de Janeiro às vésperas do Carnaval poderia provocar um caos sem precedentes no estado, que declarou "calamidade financeira" em junho do ano passado.
Também houve protestos nesta sexta-feira em Belém, onde centenas de familiares de agentes se mobilizaram e bloquearam as saídas dos quartéis, embora sem a gravidade da situação criada no Espírito Santo, onde a greve que começou no último sábado deixou 121 mortos em circunstâncias violentas.
Os dez mil soldados da Polícia Militar do Espírito Santo recebem um salário bruto de R$ 2.642 e estão há três anos sem aumento.
A presença de mais de 1.200 membros da Força Nacional de Segurança e do Exército em Vitória e nas principais cidades do Estado não conteve a onda de violência, segundo o Sindicato de Policiais Civis do Espírito Santo (Sindipol).
Em meio à crise, e após não haver acordo em uma reunião com familiares dos agentes, o governo do Estado endureceu sua postura e indiciou 703 policiais pelo crime de revolta, cuja pena pode chegar a 20 anos de prisão.