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Crise ambiental: Mancha de petróleo já afeta 14 unidades de conservação

O avanço das manchas de óleo tem sido acompanhado desde 2 de setembro pelo Ibama e ameaça importantes áreas de biodiversidade marinha

Derramamento de óleo é visto na praia 'Sitio do Conde' na Bahia em 12 de outubro de 2019. (Adriano Machado/Reuters)

Derramamento de óleo é visto na praia 'Sitio do Conde' na Bahia em 12 de outubro de 2019. (Adriano Machado/Reuters)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 12 de outubro de 2019 às 11h32.

Última atualização em 12 de outubro de 2019 às 11h33.

Catorze unidades de conservação federais marinhas já foram atingidas pelo óleo que polui o litoral nordestino há mais de um mês, segundo monitoramento do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente. São parques nacionais, reservas voltadas para a proteção ambiental e extrativistas, entre o Maranhão e o Sergipe, tornando ainda pior o impacto do desastre.

Os danos mais visíveis envolvem as tartarugas cobertas de óleo e há esforços do Projeto Tamar para resgatar os filhotes e soltá-los em alto-mar, como ocorre na Reserva Biológica Santa Isabel (SE). Segundo o ICMBio, cerca de mil filhotes já foram levados para o alto-mar e há um monitoramento diário das desovas. E para essas espécies o cenário acaba de ficar ainda mais complicado, porque a mancha chegou ontem à Praia do Forte, na Bahia, a principal área de desova de tartarugas do País - e a maior densidade de população e onde são encontradas quatro das cinco espécies relatadas no Brasil, segundo a Fundação Pró-Tamar.

Mas várias outras unidades de conservação também estão sofrendo os danos, em diferentes graus. Toda essa costa é muito rica em recifes de corais, o que a torna particularmente sensível a desastres ambientais. Um vazamento ali afetaria a região com a maior biodiversidade marinha do Brasil, e principal berçário das baleias jubarte. O parque de Abrolhos fica bem ao sul da Bahia, ainda longe das manchas, mas já há algumas estimativas de que o óleo pode chegar até Porto Seguro.

"O impacto é presente em todos os ecossistemas. Desde a superfície, onde está a mancha, até os bancos de grama marinhos, alimento para o peixe-boi. Cobre corais. Nas marés altas, entra nos manguezais. É uma região toda conectada", diz o biólogo especializado em oceanografia Clemente Coelho Jr, da Universidade de Pernambuco. "Visualmente, nós vemos mais o impacto nas tartarugas, que sobem para respirar e acabam ficando oleadas. O problema é o que não estamos vendo."

Nos recifes de corais mais próximos das praias, por exemplo, já há imagens mostrando que a mancha está se depositando na maré baixa, impregnando a estrutura calcária. "Uma vez incrustado em corais, bancos areníticos e rochosos, é praticamente impossível limpar", afirma Coelho Jr.

Maranhão

Maior reserva marinha e costeira do Brasil, a Cururupu teve seus primeiros registros de manchas negras na quarta-feira, segundo informações de técnicos do Ibama no Maranhão. A unidade tem área de 1.860 km² e uma extensa porção de manguezais protegidos, que formam um corredor ecológico de relevância mundial. No local são registradas 12 comunidades pesqueiras, que abrigam 1.200 famílias incluídas em um plano de produção de pesca artesanal.

"Se o óleo chegar aos manguezais ficará praticamente inviável a retirada do produto", explica Leonardo Soares, especialista em gerenciamento costeiro da Universidade Federal do Maranhão. Na região vivem tartarugas, golfinhos, peixe-boi, diversas espécies de peixes, principalmente a pescada amarela, além de ostras e crustáceos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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