ACSP diz que BC acertou nas medidas para conter ritmo insustentável do consumo
Da Redação
Publicado em 16 de dezembro de 2010 às 16h47.
São Paulo - Depois de reportar um crescimento forte em 2010 nas vendas do varejo, o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Alencar Burti, reconheceu que o bom desempenho não vai se repetir no ano que vem. E segundo ele, nos anos seguintes, o crescimento da economia brasileira corre o risco de esbarrar no gargalo da competitividade.
"Precisamos ativar um processo de educação dirigida para todos os setores, para que tenhamos mão-de-obra qualificada. É a chave para darmos produtividade ao país. Hoje não temos motivo para pessimismo, mas se nada for feito, a situação vai mudar", afirma.
Marcel Solimeo, economista-chefe da entidade, é mais enfático. Ele afirma que alguns problemas que o Brasil enfrenta não vão se resolver a menos que o país melhore seu desempenho produtivo.
A questão do câmbio e sua relação com a balança comercial é um exemplo. "É preciso ter o foco correto quando se trata deste assunto (câmbio). A economia brasileira melhorou em seus fundamentos, cresceu, é claro que o câmbio vai sofrer pressões. Para combater os efeitos disso sobre exportações, é preciso aumentar a produtividade do país. Produzir mais, e a um custo menor, para poder vender mais barato", diz Solimeo.
Para o economista, qualquer outra medida ou forma de controle cambial soa como "artificialismo", e não resolve de forma adequada os problemas que o país tem.
Aperto
Se a questão da produtividade vai limitar o crescimento do país de um modo prejudicial, por outro lado, as medidas do Banco Central para frear o crédito e conter a inflação foram um "pé no freio" em boa hora.
"É questão de dosagem. Ao elevar o compulsório, encurtando os prazos dos financiamentos e reduzindo o crescimento do crédito, o Banco Central fez algo que era necessário. O consumo estava crescendo mais que a produção, e o ritmo estava insustentável", afirma Solimeo.
Para o presidente da ACSP, a contenção do crédito era necessária, mas não deveria vir acompanhada de aperto monetário via aumento de juros. "Esperamos que o próximo governo tome novas medidas para evitar o excesso de alta da Selic. É claro que esperamos uma elevação no começo do governo. Mas desejamos que este seja um mal feito logo no início, para que o bem possa ser feito aos poucos, depois", concluiu.
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